A nossa amiga e professora Maribel autora deste blogue alertou ontem a comunidade para o que hoje se comemora: o dia dos blogues!
Pois, na verdade se não fosse aquela bloguer nem me recordaria que há um dia dedicado a esta partilha de escrita.
A primeira vez que ouvi falar de blogues foi através do Abupto de Pacheco Pereira que raramente visitei. Não percebia o conceito e naquele tempo as minhas preocupações eram outras. Todavia fui-me ajustando à nova realidade para só em 2008 assumir a responsabilidade deste pedaço de virtualidade!
Pergunto-me amiúde o que seria de mim se não houvesse esta forma de comunicar onde cada um é responsável pelo que escreve e independente do que os outros pensam sobre os seus escritos. Em termos pessoais esta aventura da blogosfera tem sido fantástica por tudo o que ela já me ofereceu! Uma comunidade de gente boa, amiga, solidária, preocupada, mas outrossim divertida e simpática.
Em termos de escrita a blogosfera foi o rastilho perfeito para eu escrever mais e mais, culminando como é sabido numa compilação que originou a publicação de dois livros.
Por tudo isto os blogues não correspondem apenas a palavras, pensamentos, ideias ou opiniões. São também muitos nacos de vida abertos ao mundo para que todos possamos tirar deles as lições que quisermos.
Cabe-me finalmente agradecer a todos pelos comentários, pelas reacções, pelas imensas leituras. No fundo ser feliz também passa por este mundo.
Digam o que disserem normalmente somos nós que cozinhamos o nosso futuro. Umas vezes conseguimos fazê-lo de forma competente outras nem por isso. Mas exceptuando algumas situações, mantenho a ideia de que cabe a cada pessoa trilhar o próprio caminho.
Ele é mais novo que eu. Uma mão cheia de anos. E se esta diferença em tempos foi enorme agora nem se nota. Ainda por cima porque parece mais velho que o meu pai que já conta 91 anos. Somos amigos há muitos anos. Tantos que já quase me esqueci. Brincámos muito e aprendi muitas coisas com ele. Especialmente espírito de sacrifício.
Eu andei na escola... ele raramente por lá passou. Ele cresceu ao "Deus dará", eu sempre demasiado acompanhado.
A idade foi-nos lentamente afastando, mas sempre que ia à aldeia encontrava-o a fazer aqueles trabalhos que ninguém queria e que só ele aceitava. O caso mais difícil que assisti foi num Verão quente, quente como deverá ser o Inferno. Ele andava a pintar uma parede exterior de uma casa sob um Sol abrasador. Perguntei-lhe o porquê daquela hora e ele respondeu:
- O corpo pode trabalhar e eu preciso do dinheiro.
Doeu-me ver aquele meu amigo entregue a uma tarefa que não merecia. Depois não lhe poderia dizer nada, pois o orgulho é um estado de alma muito difícil de entender.
O tempo passou veloz, como sempre. Eu fiz a minha vida, tomei as minhas boas e más decisões, mas ele, parece que só soube errar.
Revi-o esta madrugada no clube da aldeia onde às 7 horas fui buscar pão. Comia um bolo e bebia um café. Magro como sempre foi a sua vida de muita miséria, devorou o bolo, sem nunca largar o cigarro. Cumprimentei-o como sempre o faço e no fim as acabei por lhe pagar o que comera e ainda lhe dei algum dinheiro.
Quase de certeza que o gastou em tabaco e na cerveja que pode beber.
Finalmente poucos lhe conhecem o seu verdadeiro nome. E mesmo aqueles que sabem nunca o tratam pelo nome próprio usando sempre a alcunha. Ou alcunhas.
Entretanto eu:
- Bom dia Amílcar, como estás?
Ele:
- Vou bem!
Sei de antemão que nunca vai bem. Nunca foi, nunca irá!
Mas não será por isso que deixarei de ser amigo dele.
Ontem uma prima a quem ofereci um dos meus livros telefonou-me e após muitos normais agradecimentos pela minha oferta acabou por confessar:
- És uma pessoa com muita sabedoria... Vê-se na tua escrita!
Dei uma gargalhada, impus-lhe a minha modéstia, mas hoje de volante na mão numa breve viagem até à aldeia dei por mim a fazer a pergunta que entitula este postal: o que é a sabedoria?
Saber de imeeeeeeeeeeensas coisas ou saber muuuuuuuuuuuuuuuito mais sobre menos temas? E como avaliamos a sabedoria de alguém?
Valho-me agora de uma figura que eu mal conheci, se bem que me lembre bem dele e sobre quem escutei os maiores elogios. Tratou-se do meu avô paterno, um homem com uma estória de vida incrível que eu a espaços vou descobrindo e desvendando através do meu pai e de alguns tios.
Em paralelo a minha avó materna era outra meia dose de mulher que sabia mais no dedo mindinho que muitos no corpo inteiro. Talvez dela tenha herdado o humor e alguma ironia.
Se eram ambos sábios? Acredito que sim, mas de uma sabedoria recheada de experiência que diferentes momentos da vida, bons e menos bons, lhes foi propondo.
Também eu já vivi as minhas aventuras e algumas desventuras, mas isso não faz de mim alguém mais sábio que outros que terão passado menos que eu. Provavelmente eles tiveram a sabedoria de se resguardarem em vez da minha postura mais afoita ou irresponsável.
Mas sinceramente de que é feita essa tal de sabedoria que tantas vezes se fala? Cultura, conhecimento empírico, vida a passar pelas mãos ou simples pensamentos?
Pois não sei... Todavia tenho consciência de que não sou um sábio... Serei quiçá um mero aluno mais aplicado, sempre disposto e desejoso de aprender o que a vida terá (ainda) para me ensinar!
Pois não estou a falar de nenhuma intempérie, mas somente do que aconteceu ontem com a minha cirurgia.
Deste modo no sábado passado cavei a terra com a ajuda do meu varão mais velho, fiz os regos e no Domingo ao fim da tarde acabei a tarefa de plantar duas dúzias de couves portuguesas
e mais umas couves galegas e bacalãs (uma espécie de coração de boi)!
Por agora parecem todas iguais, mas daqui a uns tempos notar-se-á a diferença. Por enquanto regadas à torneira. Mas aguardo que a chuva faça a parte dela. Ou diria alguém que conheço bem: vale mais um litro de água da chuva que cinco da companhia.
A experiência de anos anteriores obriga-me a concordar.
"Prontes" já cá estou! Mais um desafio superado com galhardia!
Agora a sério... esta tarde sujeitei-me a uma intervenção cirúrgica em regime de ambulatório. Entrei eram duas da tarde e saí às nove e meia desta noite com direiro a regressar a casa.
Tudo em consequência do meu já hiperconhecido problema de surdez. Há umas semanas o especialista propôs uma pequenina cirurgia para reparar o tímpano que tinha um pequeníssimo buraco com cerca de 1 milímetro (fui informado à posteriori que a perfuração era bem maior!!!). Parece realmente pouco, mas é o suficiente para me manter mais surdo.
Primeiro pensei agendar para 2025, todavia tomei em consideração que para o ano há um fedelho novo para tomar conta e assim arrisquei fazer agora.
Já está! Foi esta tarde/noite rodeado de competentíssimos especialistas médicos (anestesia e otorrino) e de enfermagem que retiraram gordura do lóbulo da minha orelha e colocaram a tapar a perfuração do tímpano.
Uma reparação que me custou já 3339 euros. Agora não sei se irei pagar mais ou receber ainda alguma coisa... Veremos!
Obviamente que fiz esta cirurgia num hospital privado que em cinco dias resolveu tudo. Se fosse num público, provavelmente nem daqui a dois anos... ou quiçá mais!
Seja como for estou de regresso à actividade da escrita, para em Novembro próximo voltar ao hospital para nova cirurgia, desta vez à próstata!
Desde aquela madrugada de 28 de Fevereiro de 1969, tinha eu 10 anitos, que a minha relação com os tremores de terra não é das melhores. Diria mesmo que é um tanto tremida! Literalmente!
A razão principal não advém unicamente do perigo que são os sismos e suas consequências, quantas vezes devastadoras, mas acima de tudo da maneira como essa assustadora madrugada ocorreu.
O meu pai estava ausente e assim quando a terra principiou a tremer a minha mãe acordou-me a correr e lá fomos nós escada abaixo em busca da rua. Só que a dona V. tinha a mania (ainda hoje a tem!!!) de fechar as portas com chaves e ferrolhos, originando com a precipitação da fuga que se atrapalhasse em abrir as fechaduras. Quando saímos já todos os vizinhos estavam na rua. Não aconteceu nada, mas nessa noite aprendi uma lição: nunca deixar a porta fechada à chave. Ou se fechar que esteja lá a chave.
Mas coincidências da vida ontem fazia por aqui muuuuuuito vento. De tal forma as portas, que têm alguma folga, batiam com o trinco. Ora como o meu rapaz maila a família foram de férias estou sozinho e daí pensei fechá-las com chave de forma a evitar aquele irritante batuque de origem ventosa.
Felizmente não acordei esta madrugada com o sismo, pois se tivesse provavelmente acontecer-me-ia o mesmo que à minha mãe há mais de 50 anos. Uma bizarra coincidência que me deixou todo o dia irritado!
Esta noite as portas ficam apenas no trinco... não vá o Diabo tecê-las!
Há um ditado luso que diz: quando a esmola é grande o pobre desconfia!
Pegando nesta máxima popular e olhando para o início da La Vuelta feita pelo nosso campeão João Almeida, tendo chegado ao segundo lugar a uns meros oito segundos de Primoz Roglic, fiquei com a estranha sensação de que algo não iria correr bem ao ciclista português, chefe de fila da super equipa UAE Emirates!
Infelizmente a minha previsão confirmou-se. Mas só ontem à noite é que percebi que João dera um trambolhão na classificação geral onde era terceiro. Mais tarde veio a confirmação com um teste positivo à covid-19. Conclusão teve de desistir deixando a sua equipa mais enfraquecida.
Porém a vida é feita destes momentos menos simpáticos mas o nosso João irá ter certamente mais oportunidades de se mostrar e quem sabe ganhar, finalmente, uma grande Volta.
Até lá só posso desejar ao nosso ciclista muita coragem e obviamente as rápidas melhoras.
Ontem iniciaram cá por casa as anuais limpezas grandes. Se antigamente tinha uma colaboradora que o fazia por mim, desde que aquela se reformou acabei por assumir parte desse trabalho. Enfim... coisas sem gracinha nenhuma, mas que têm de ser feitas... Dizem...
Ora ontem calhou-me pegar numa gaveta e fazer uma escolha ao material que lá encontrei. Muita correspondência, recibos de vencimento antigos, fotografias velhas, papéis sem interesse nenhum a não ser para mim.
Mas também achei pequenos tesourinhos. A imagem seguinte refere um deles.
Decorriam os anos 80 e fui convidado a fazer parte de uma lista para a eleição de uma nova comissão de trabalhadores da empresa.
Houve uma normal campanha que me levou a passear pelo país a visitar agências. Numa dessas viagens parámos em Coimbra, a bela cidade estudantil. À hora do almoço escolhemos um restaurante para aí matar a fome.
Em cima da mesa um jornal regional que eu peguei com curiosidade. E foi neste pedaço de imprensa que encontrei o anúncio do recorte. Que rapinei à socapa.
A verdade é que sempre que encontro e leio este pedaço de papel amarelecido pelo tempo, nem consigo sequer imaginar o que terá acontecido na tal tarde...
Há quem, por esta altura, já tenha plantado as suas primeiras couves para o Inverno. O nome delas varia: há quem lhes chame couve branca, mas há também as Pencas de Chaves, as tronchudas e até imaginem as Pão de Açúcar!
Portanto amanhã será dia de principiar a cavar os terrenos livres, preparando-os para receber os novos pés de couve.
Com o calor que tem havido imagino que amanhã a caneta de dois aparos irá gemer. Ela e eu. Mas todos os anos a coisa repete-se mais ou menos por esta altura... (diria que este ano é mais cedo do que é usual).
Pois é... ainda decorre Agosto e já estaremos a pensar no que comer na próxima ceia de Natal! Mas sinceramente se não for assim quando chegar à altura das festas não há verdura alguma à mesa.