Como automobilista prefiro andar mais um ou mais quilómetros para fugir aos centros urbanos que atravessar uma cidade em pleno dia. Tudo por causa das passadeiras de peões que, como todos sabem, são para mim horríveis.
É verdade que este meu despeito advém de um acontecimento (leia-se atropelamento) que eu causei numa passadeira vai para mais de uma dezena de anos. Um momento que marcou a minha vida para sempre, não obstante o peão ter ficado bem (esteve uns dias em observação no hospital de Santa Maria, mas saiu sem mazelas).
Todavia há algumas que não posso evitar, como por exemplo ao fim da minha rua onde há uma passadeira sempre com muita gente a passar.
Ora um destes dias parei nessa zebra rodoviária para permitir que uma mãe a atravessasse em segurança, levando uma criança pela mão. Enquanto percorriam os três a quatro metros da rodovia, o menino olhou para mim e fez-me adeus sorrindo, num agradecimento que me envergonhou, já que não o costumo fazer quando sou peão.
Fiquei a matutar naquele gesto tão genuíno e tão puro e concluí que mesmo com esta idade ainda tenho muito para aprender! Mesmo que seja cidadania!
Todos os portugueses conhecem a postura muito popularucha do nosso actual Presidente da República, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Se umas vezes acredito que seja profundamernte genuíno, a maioria das suas palavras ensombram a pessoa e a figura do Estado.
É certo que MRS como Presidente tem todo o direito de falar sobre tudo o que acontece no país. Pode mesmo debitar uma opinião mais controversa, mas deverá sempre ter uma postura de estadista e nunca de comentador que foi durante muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuitos anos.
Ainda me lembro de um programa de rádio onde o senhor Presidente (na altura apenas Professor, pois encontrava-se no dealbar da sua vida de comentador) atribuía as notas escolares a diversas personalidades. Creio que o programa passava aos Sábados na TSF e o jornalista entrevistador era David Borges (o mesmo que fala de desporto por aí!). E por me lembrar dos comentários daquele tempo e das tais notas que dava, gostaria, se pudesse fazê-lo, de perguntar a MRS se recuasse trinta anos e um Presidente falasse como ele fala agora, que nota lhe daria?
Ser dono dos nossos silêncios e refém das nossas palavras é máxima antiga (já vi escrito algures que foi Shakespeare que o terá dito ou escrito... não sei!) e daí o nosso ainda Presidente da República deveria ser muito cuidadoso quando fala. Pode nem ser nada importante, todavia a sua função como o mais alto magistrado da Nação, quase que o obriga a silenciar-se em vez da tagarelar!
MRS talvez não ganhasse nada com isso, até porqiue este será o seu derradeiro mandato, mas certamente ganharia o país!
Na minha aldeia é costume usar-se a expressão espianceiro (nem imagino se será assim que se escreve) para definir alguém que é guloso e lambão. Não só no aspecto de gostar de doces, mas acima de tudo na gulodice por aquilo que é dos outros. Dito de outra forma: um invejoso!
Porém não consegui encontrar esta palavra nos meus dicionários. Nem de significados, nem de sinónimos e muito menos no dicionário do Inverso.
Vai daqui coloco a questão à comunidade: será que esta palavra existirá mesmo ou será somente um regionalismo?
Recebi há dias a primeira prova do meu próximo livro. Assim estou desde ontem focado na sua revisão.
Um dos maiores problemas nestas coisas de revisão é perceber se há, por exemplo, incongruências a nível dos nomes das personagens. Já para não falar de gralhas ou pequenas frases quase sem sentido e que passaram incólumes, todas elas, pelos diversos crivos.
Por isso cada cada parágrafo, cada página, cada estória foi esmiuçada. E mesmo assim não garanto que esteja tudo impecável, como eu gostaria.
É curioso este fenómeno humano. Passarmos os olhos por um texto, lermos sem sequer nos apercebermos de alguns erros. Então se o texto que estou a ler for meu acontece-me amiúde... especialmente aqui na blogosfera...
A este propósito tive um amigo, entretanto já falecido, que quando ia ao hospital a uma consulta dizia-me sempre em tom de brincadeira: lá vou olhar sem ver! Touché!
Aqui será mais ler sem ver!
Finalmente está quase, quase... o meu próximo livro!
De quarta para quinta fiquei em casa dos meus pais numa aldeia cravada na encosta da serra dos Candeeiros. Ali estava depois de ter ido, no dia anterior, ao Hospital de Torres Novas com o meu idoso pai a uma consulta de Nefrologia.
Acordei a desoras depois do dia anterior ter andado toda a tarde de volta de um jardim que não via, como deveria ser, mão humana há muito tempo.
Tomei o pequeno-almoço e abalei para dar fé de como estariam as fazendas após a intervenção competente de uma equipa de sapadores florestais.
Os terrenos estão na sua maioria alquevados pelos focinhos e presas dos javalis. Terrível pois é impossível ter algo semeado
Numa fazenda encontrei à sombra de um pequeno carrasco um ninho com três pequenas cotovias, muito imóveis. Uma beleza da natureza.
Veio a hora do almoço que decorreu num restaurante onde me debati com cabrito assado devidamente acompanhado com arroz de miudezas e uns grelos salteados.
Tudo bem regado com um tinto do Douro.
Já em casa preparei o regresso à capital. À saída ainda encontrei um primo que viera fazer uma visita aos meus pais. Despedi-me e pus-me a caminho via A1 até Lisboa.
Chegado, ainda fui ao lar ver a minha demente sogra, para logo a seguir buscar num supermercado alguns víveres para o almoço de hoje.
Quando, finalmente, aterrei em casa já passavam das 18 horas.
Deveras cansado desisti de ir para a rua comemorar o dia de ontem.
Era aluno repetente do 4º ano (hoje 8º ano de escolaridade) do Liceu D. João de Castro (secção de Almada).
Já usava óculos híper graduados e as minhas alcunhas advinham disso.
A escola era monosexual, porque turmas mistas só a partir do 6º ano (hoje 10º).
Filho único de um cabo da Marinha de Guerra Portuguesa e de uma doméstica.
Era quinta feira e o tempo estava cor de chumbo.
O meu pai antes de entrar na Base onde prestava serviço soube do golpe de estado no mercado onde se fora aviar de mantimentos para levar para a messe. Tendo em conta a informação recebida comprou alguns víveres deixou-os em casa e partiu célere para a Base Naval de Lisboa, no Alfeite, deixando a indicação para não sairmos de casa.
Começamos a escutar, em repetição numa velha telefonia, o comunicado lido pelo locutor Luís Filipe Costa onde apelava à calma!
Acabei por ir ter com os meus amigos que estavam ao portão do prédio.
À tarde a RTP passou uma série de nome Daktari. A preto e branco.
Depois vi um comunicado da Junta de Salvação Nacional. A branco e preto!
Finalmente deste dia lembro-me apenas disto.
Mas nem sabia que estava a assistir a uma mudança radical na história de Portugal!
Em Outubro de 2022 fui a pé a Fátima pela última vez. Mas ia consciente de que jamais voltaria ao caminho de Fé que nos leva ao regaço de Mãe Santíssima.
Recordo aqui e agora as palavras que escutei nessa manhã de 13 de Maio de 2017, proferidas pelo Papa Francisco: temos Mãe! Duas palavras que encheram para sempre o meu coração e que fizeram tantto partir em busca de...
Hoje a paróquia onde estou inserido voltou ao tal caminho de e da Fé. Ontem à noite, já perto da meia noite, recebi uma mensagem de alguém com quem partilhei estes longos caminhos, muitas alegrias, algumas lágrimas. Preparava-se para partir e deu-me testemunho disso.
Um exemplo de como a fé é acima de tudo um gesto de dádiva... aos outros. Não pretendeu partir sem me dizer nada e não tinha qualquer obrigação. Agradeci comovido e pedi-lhe apenas três coisas: que rezasse pela paz no Mundo, que rezasse por aqueles que sofrem às mãos de ditadores e que me enviasse uma foto do dia. Uma só!
Como era de esperar do P.P. cumpriu a sua parte.
O grupo vai-se estendendo em quilómetros de silêncio. Um silêncio que cada vez mais necessitamos de ouvir. Um silêncio ensurdedor que invade o nosso coração. Um silêncio que tanto nos tira e ao mesmo tempo tanto nos dá.
Hoje estou a escrever na aldeia, acompanhando pelo meu pai e mãe. O meu já muito idoso antecessor teve a sua consulta de nefrologia de rotina no Hospital de Torres Novas e tem conseguido escapar, por entre os pingos da chuva, ao duro tratamento da hemodiálise a que foi condenado há uns meses.
Já em casa na aldeia atirei-me a um jardim que há muitos anos não via mão humana. Muito mato, muita erva e as flores a pedirem intervenção urgente (no meio de tanto mato até nasceram uns pés de couves, agora já sem folhas, mas como muuuuuuuuuuuitos caracóis)
Depois fui podar uma árvore que cresceu muito mais que devia até quase tocar os fios da electricidade. Portanto uma tarde inteirinha a dar conta de um espaço que necessitava uma anormal intervenção.
O monte de inertes crescia. Por sorte passou um primo com uma carrinha de caixa aberta e pedi-lhe se me ajudava a libertar daquele monte. Aceitou a tarefa mas seria mais tarde.
Eram já seis horas da tarde quando apareceu. Carregámos a carrinha por duas vezes e fomos largar tudo numa fazenda minha para secar e depois queimar.
Uma tarde muito trabalhosa e como já não estou habituado a esta actividade sinto agora o corpo cada vez mais dorido e a pedir repouso!
Os meus dias são tão frenéticos que ainda há pouco tempo fiz anos e já estou a pensar nas prendas de Natal que gostaria para 2025. Porque as de 2024 já as escolhi faz muuuuuito tempo.
Obviamente que estou numa de brincadeira todavia só esta tarde percebi que hoje se comemora o dia Mundial do Livro e dos Autores.
Um dia em que se deveria estimular a leitura nos mais novos e talvez a escrita nos mais velhos. Quem sabe o que poderia vir por aí! Seja como for um dia destes é sempre bom para quem escreve e para quem lê! Alguém escrever um livro e não ter quem o leia será como um cozinheiro esmerar-se num jantar e não aparecer ninguém para o comer.
Dito isto posso avançar que recebi esta manhã a prova do meu próximo livro! Nem de propósito, devo acrescentar! Aparentemente está muito bem, mas falta o meu olhar viperino de forma a evitar a publicação definitiva do livro com eventuais gralhas ou erros.
Finalmente e quase como nota de rodapé confesso que este dia Mundial do livro e autores e mais de uma série de eventos que hoje se comemoram, fez tocar na minha cabeça um conjunto de ruidosas campaínhas. Na verdade ainda não consegui descobrir, com propriedade, qual a verdadeira diferença entre um dia Mundial e um dia Internacional de Qualquer Coisa!
Será que há mesmo diferença ou serão todos iguais?
Ao invés de muitos que conheço o meu passado não é isento de erros. Quiçá maior terá sido não tirar um curso superior. Mas enfim não o fiz naquele tempo e agora é tarde demais.
Fumei muito, bebi e comi em excesso, estrafeguei dinheiro até mais não. Abusei em quase tudo. Todavia nunca me senti tentado pela droga, por considerar que ela não resolveria nenhum dos meus problemas de antanho.
Tal como durante toda a minha vida de trabalho, com altos e baixos, também nunca usei medicamentação para lidar com os meus insucessos. Enfrentei estes de frente e ultrapassei-os com realismo e coragem.
Actualmente, aqui e ali, vamos lendo notícias e relatos de jovens cada vez mais depressivos, fruto, a maioria, de horas e horas de isolamento.
É inegável que as novas tecnologias trouxeram-nos melhores e maiores capacidades de comunicação, mas curiosamente ou talvez não, cada vez falamos menos. Ou porque as televisões entram em todas as casas (até nas casas de banho) e retiram às famílias o único pedaço em que poderiam dialogar, ou porque as redes sociais são mais importantes que a tribo familiar, ou porque um qualquer jogo dá-nos mais alegrias ou torna-nos melhor que os outros.
A solidão nas actuais gerações é já uma evidência! Com consequências altamente nefastas nos relacionamentos das pessoas e na própria saúde mental. Também será verdade que a recente pandemia não veio ajudar, bem pelo contrário pois a virtualidade das relações humanas passou a ser uma constante.
Regressando ao meu passado confesso que conversei muito, a maioria das vezes até demais, mas a verdade é que naquele tempo, não obstante ser filho único, nunca me senti isolado ou sózinho! Talvez gostasse mais desta ou daquela companhia (faz parte!!!), mas senti-me sempre bem acompanhado!