Esta madrugada levantei-me cedo. Eram sete da manhã. Para rapidamente me esbardalhar escada abaixo batendo com ambos os braços e as costas nas escadas graníticas.
Temi o pior. As dores assolaram-me como uma praga. Com esforço levantei-me do chão, tentei recuperar algum fôlego, mas decidi ir ao hospital da CUF em Lisboa ali quase a beira-rio.
Entrei na urgência já passava das onze da manhã. Fui à triagem onde me atribuiram uma braçadeira amarela (devia ser para fazer pandam com o meu casaco verde).
Sou por fim chamado a uma médica que avaliando as minhas maleitas prescreveu uma série de exames. Fiz assim rx aos braços, ecografia aos rins, tac à lombar.
Às duas e pouco da tarde estava despachado pela médica com a indicação de gelo nos braços e coisas quentes na lombar. Fui pagar. Até tremi quando a menina se preparou para dizer quanto era: 122 euros! Obviamente já com a comparticipação dos meus serviços médicos.
Agora imagine-se que ia para o hospital público! Não pagaria nada é certo, mas ainda agora lá estaria à espera que me mandassem fazer exames... Se mandassem!
Sou dos muitos portugueses sem médico de família, mas também nunca o solicitei. Por isso recorro sempre aos serviços médicos privados. Por enquanto posso pagar, ao mesmo tempo que não estou a ser mais um no serviço de urgência público.
Agora quanto às dores... é aquela costumada medicação: aguentocaína!
A semana passada comprei via sítio da internet de uma livraria, dois livros para serem entregues em casa. Já não é a primeira vez que compro livros assim e tudo tem corrido de forma fantástica, mesmo quando não têm o livro em stock. Neste caso assumem que irá demorara mais tempo... Mas chegam sempre!
Na segundo feira recebo uma mensagem no meu telemõvel a dizer: "A sua encomenda irá ser entregue. Comunique ao entregador o pin XXXX".
Habituado a estas mensagens aguardei que me entregassem a encomenda. Só que minutos mais tarde recebo outra mensagem: "A sua encomenda foi entregue".
Ora como não tinha recebido nada perguntei aos de casa se havia chegado alguma coisa. Resposta igual de todos: nada!
Quando tive um bocadinho fui ao meu mail e procurei as indicações da empresa entregadora e conseguindo chegar ao sítio devido havia diversas opções, sendo que uma dela ser era a minha e que dizia simplesmente: Encomenda não foi entregue.
E aguardei.
No dia seguinte tentei enviar mail para a livraria mas o enderço não era o devido e vai daí procurei outras formas de avisar a Livraria, todavia sem sucesso. Voltei à indicação da distribuidora e consegui ver que havia um nosso associado e que supostamente recebera a encomenda que me fora endereçada.
Só que hoje logo de manhã recebo nova mensagem a dizer: "Lamentamos mas a sua encomenda não foi possível entregar". Para minutos depois receber outra igual à primeira de todas. Eram 11 horas da manhá quando um entregador me fez chegar os livros.
Confirmei que era para mim e fechei este processo.
Porém o que terá, realmente, acontecido à minha encomenda?
Estava eu preparado para escrever aqui mais uma parvoíce quando dei conta que activistas climáticos atacaram hoje o líder da AD, Luís Montenegro com tinta verde.
Provavelmente todos estes activistas ainda não eram nascidos quando um político, entretanto falecido, recebeu uns tabefes e uma paulada na Marinha Grande. Estávamos em plena campanha eleitoral para a presidência da República e a vítima do ataque foi Mário Soares, que nas sondagens da altura tinha apenas 6 por cento dos intenções de voto. Decorria o ano de 1986.
Na altura o empolamento ao ataque foi tão grande que Mário Soares acabou por ficar em segundo lugar obrigando a uma segunda volta e nesta levar o PCP de Álvaro Cunhal a aconselhar o voto em Soares, não obstante o ódio, quase visceral, do PCP pelo antigo fundador do PS.
Recordei-me deste bizarro episódio ocorrido há perto de 40 anos quando percebi estes ataques. Se a história se repetir o actual líder do PSD/AD tem a vitória, no próximo dia 10 de Março, garantida.
Porque sinceramente não estou a ver o Luís Montenegro com uma obra de arte!
Há quem não goste de fazer anos e muito menos de os comemorar... e depois existe... eu! Que qual criança adora celebrar mais um anos de vida, mais um ano passado mas menos um ano para viver dirão os pessimistas.
Teoricamente o meu dia de ontem deveria ser gasto a fazer que coisas diferentes dos outros dias. Todavia como a vida é que manda no dia de ontem dormi 3 horas e meia, já que me deitei muito para lá da uma da manhã e acordei às cinco da madrugada. Portanto mais um dia normal... com muita correria.
Para não me alongar mais apenas acrescento que o meu telemóvel mnão parou um segundo. Ora eram chamadas, esse-emes-esse's, mensagens de correio electrónico e principalmente muita amizade daquele grupo tão especial de uotessape ligado à escrita.
Entretanto e sempre que tinha um minuto de sossego ia percebendo o carinho que alguns bloguers me dedicaram neste meu dia tão especial.
Principio pela MJP que com este belíssimo texto me deixou deveras comovido.
Depois foi a vez da Ana D. que me homenageou neste lindíssimo postal.
Finalmente dei conta que a Maria também publicara um postal em minha homenagem.
E já nem falo dos comentários sempre tão elogiosos que muita gente foi depositando nestes escritos. Até no meu texto meio parvo de ontem. Simplesmente sublime.
Todo este carinho, ternura, conforto é um capital emocional que tenho de economizar para outros dias menos brilhantes e que possa via a ter.
Mas sendo eu já um tipo maduro ou sénior, como queiram chamar, ainda fico assim emocionalmente esmagado por tanta coisa boa que escreveram sobre mim.
Face ao que precede, não sei de que maneira devo agradecer a todos quantos me escreveram, me homenagearam, me ligaram. Quiçá escrevendo simplesmente:
MUITO OBRIGADO!
PS- tenho consciência que este postal dá a ideia de ser um tanto lamechas, mas já tenho uma idade que me escuda desses pensamentos.
Tornei-me hoje quase por decreto… um sénior. Uma forma simpática que as entidades portuguesas usam para me chamarem velho.
A partir de agora que somo os tais 65 anos (antigamente era a idade da reforma) passo a ter direito a uma série de benesses.
Uma delas será o preço especial de um passe para os transportes aqui na zona… que eu nunca uso. Outra das valências para este velhote é o preço nos diversos museus pois também se tornaram mais simpáticos.
Deveria, em face destes benefícios, ficar menos triste por ter chegado à idade em que deixamos de ser um homem de 64 anos para nos tornarmos um idoso de 65!
Portanto eis-me aqui velho, cansado, triste e apoquentado com esta nova fronteira da idade, já que a partir de hoje o meu caminho jamais será o mesmo do que foi até aqui.
Mas digam o que disserem tentarei, por todos os meios ao meu alcance, contrariar esta coisa parva da idade!
Pois é… faço hoje 65 anos e tudo o que escrevi nos parágrafos supra foi para enganar os meus queridos leitores. Consegui? Não?
Por vezes tenho medo dos meus pensamentos. É verdade, tenho medo... pronto!
Receio essencialmente que alguém os oiça, até porque posso sem querer e mesmo que seja de forma quase silenciosa verbalizar algum deles.
Isto para dizer que daqui a dois meses estaremos a comemorar o meio-século daquele que foi um golpe de esatado. A revolução dos cravos foi apenas um epíteto aproveitado pelo PCP para dar nome à sua ideia política. Que como todos sabemos nunca vingou neste País de gente preguiçosa, invejosa e de brandos costumes.
Hoje tenho mais cuidado com o que digo e escrevo, não vá eu ofender algumas alminhas que há meio século ainda nem existiam, nunca souberam o que foi viver sob a ditadura e muito menos o que foi a censura. Falam e escrevem, eles e elas, considerando que têm sempre razão olvidando que há outras opiniões e visões e que podem não coincidentes com eles. Então ofendem-se com isso!
Tenho a certeza que a democracia lusa tal qual como foi criada ou inventada pode não ser perfeita. Como nenhum regime político o é! Mas até há uns tempos convivia bem com ele. Todavia sinto-me cada vez mais apertado num espartilho de pensamentos e acções que me leva a sentir que é a hora de termos um novo 25 de Abril.
Que até pode ser a 24 ou a 26 do mesmo mês! Ou de outro mês qualquer!
A expressão "estado de graça" tão conhecida no nosso léxico é geralmente usada nas actividades desportivas ou na vida política. Não vou aqui dissertar sobre o seu significado pois toda a gente sabe o que quer dizer.
Mas será que esta ideia se pode aplicar nas relações inter-pessoais, isto é, nas nossas relações com a família, amigos mais ou menos coloridos também poderá existir o tal "estado de graça"?
Bom... diz-me a experiência de vida que sim, que todos temos momentos eufóricos nas relações com os outros, para de um momento para o outro tudo se esvair. Ou como define o Dicionário Priberam:
Uma das diversas circunstâncias da vida onde o "estado de graça" tem tendência a desaparecer será nos casamentos. Muitos fazem-no como escapatória a um passado familiar penoso, para rapidamente perceberam que tudo foi um erro, que com o matrimónio nada melhorou... O ser humano é um animal estranho, muito complexo e na maioria das vezes insensato. Talvez por isso fascinante quando o tentamos desvendar.
A água que corre entre as galerias ripícolas assemelha-se por vezes à vida que cada um vai vivendo.
Eis um exemplo de uma ribeira que mesmo de caudal quase invisível vai correndo por entre pedras, ramos e folhas até a um ribeiro maior, por sua vez criou uma albufeira, para após muitos quilómetros acabar no Tejo e mais tarde no Oceano Atlântico.
Também a vida começa muito pequena para ir crescendo conforme vamos ficando mais velhos. Ums vezes andamos devagar, outras mais depressa para no fim da vida desaguarmos num mundo que nunca conhecemos.
Haverá pouco mais de um mês escrevi este postal, tudo por causa da maneira como cada um dirima a sua própria doença, especialmente através da quantidade de comprimidos que toma.
O curioso é que ontem calhou a vez ao meu pai que do alto dos seus 91 anos de idade dizia, quase com graça, à médica que o anda a seguir, após esta lhe ter receitado mais um comprimido:
- Ó Dôtora daqui a nada não me chega um dia para todos os comprimidos que tenho de tomar...
Ao sorriso da médica, continuou:
- Mais um comprimido significa que estou cada vez pior...
Para finalizar:
- Acha que vale a pena?
A médica desfez-se em razões quase óbvias, mas o meu pai não ficou muito convencido! Já no carro a caminho de casa, apercebi-me que fazia contas. Nada lhe disse pois já imaginava que seria dele que partiria a conversa:
- Sabes quantos comprimidos tomo por dia?
- Isso interessa? O que realmente conta é que cada um tem a sua função profilática ou curativa.
Um silêncio que estranhei. De súbito remata:
- Curativa? Ou será para adiar o que é certo?
Percebi a sua ideia, mas não lhe respondi... O silêncio nestes casos é de ouro... fino!
O primeiro livro de Banda desenhada que tive foi "Lucky Luke, Fora da Lei". Um livro publicado em 1967 pela Editorial IBIS, editora já extinta, ou melhor, absorvida pela Livraria Bertrand nos anos 70 do século passado.
Assim iniciou o meu gosto pela BD. Rapidamente passei do cavaleiro solitário para Astérix e daqui para Tintin. Bem mais tarde conheci Corto Maltese, Mandrake ou Fantasma. Depois cairam nas minhas mãos Comanche, Chevalier Ardent, Blake and Mortimore, Gaston Lagaffe.
Até que entrei numa BD mais interventiva como foi ou será que ainda é... a Mafalda do argentino Quino. Um dia alguém escreveu sobre esta menina: "não me preocupo com aquilo que penso da Mafalda, mas apenas com o que ela pensa de mim"! Touché... acrescento!
Na minha modesta biblioteca os livros de Banda Desenhada têm reservadas apenas três prateleiras, muito apertadinhos, pois sempre que surge algum novo há que lhe arranjar lugar.
Terei centenas de livros desta, denominada por Morris, nona arte! E quase todos os meses lá vem mais um... especialmente comprados nessas plataformas de vendas de artigos usados.
Confesso que já li todos estes livros, alguns mais de... uma dezena de vezes. E o mais curioso, sempre que regresso à repetição de leitura de um livro, encontro naturalmente novos pormenores que haviam escapado nas leituras anteriores.
Talvez daí eu chamar à BD a verdadeira arte da fantasia.
Nota final para a foto que ilustra este postal que é do meu primeiro livro, tendo este já uma cor bem amarelada devido ao manuseamento e outrossim à patine da idade!