Nem sequer calculo quanto terei escrito nesta vetusta máquina que necessita de arranjo.
Ela foi, de forma silenciosa, durante diversos anos a minha única confidente. A ela falei de amores e desamores, de tristezas e alegrias, de sonhos e realidades. Escutou-me sempre nem nada dizer!
Nesta máquina escrevi também muitos trabalhos para a escola. Daqeles que não interessavam a ninguém, mas tinha de os fazer. Também nela alguns escritores, poetas, e diversos jornalistas desfiaram as suas contas.
Hoje será um simples objecto do meu museu. Mas é também uma gratíssima recordação.
Se todos os portugueses, mas todos mesmo sem excepção, tivessem a mesma postura, coragem, abgenação e espírito de sacrifício que os jogadores lusos de Rugby apresentaram nos relvados gauleses neste Mundial, do qual Portugal já está excluído provavelmente o nosso país seria um local bem diferente, para melhor, claro!
Estou prestes a dar início à campanha de azeitona que como em anos anteriores se compõe de duas fases.
A primeira principiará no próximo sábado por terras ribatejanas onde o meu pai já apanhou 484 quilos tenho a safra resultado em 69 litros de azeite. O que perfaz a boa média de sete quilos de azeitona para dar um litro de azeite. A segunda só para o fim do mêse será já na Beira Baixa.
Só que as minhas campanhas de azeitona têm uma característica comum todos os anos: chove sempre! SEMPRE!
Pelos diversos sítios no mundo da internet e que devolvem informação metereológica todos confirmam que no próximo fim-de-semana as temperaturas irão cair e a chuva reaparecerá com força.
Quase sou forçado a dizer: querem chuva? Entáo enviem-me para a azeitona e verão como ela cairá! Tanto faz que esteja no Ribatejo ou na Beira Baixa...
No entanto o que conta mesmo é que eu vá à azeitona! Gosto de comer bom azeite!
Quando trabalhei fui muitas vezes acusado de ser pouco focado. Uma crítica que nunca me atormentou até porque a minha actividade profissional dava-me muito pouco espaço para estar focado num só trabalho.
Como técnico de informática que fui tinha quase permanentemente alguém a ligar-me por telefone para me comunicar um problema com o seu computador que eu logo tentava resolver. Certo é que nem sempre as coisas corriam da melhor formal e podia demorar mais tempo que o previsto. Assim sendo o trabalho sobre o qual deveria estar completamente focado ficaria adiado.
A experiência de vida diz-me que as pessoas muito focadas tornam-se quase sempre assaz teimosas. Entendo que a perseverança (o nome pomposo para teimosia!!!) seja a mãe do sucesso de grande parte das pessoas bem focadas. Como tal não considero o foco um defeito, mas apenas uma característica de alguém altamente empenhado.
Regressando às criticas a que sempre fui sujeito por causa da minha postura profissional, aceito que a minha mente é muito irriquieta e anda sempre a saltitar de um lado para o outro sem se fixar numa coisa só! Também será uma característica mais que um defeito.
Portanto concluo que se foco corresponde a teimosia prefiro ser como sou… desfocado!
Quando adei a aprender a conduzir, já faz muuuuuuuuuitos anos, retive uma ideia que o instrutor me disse certa vez.
- Há uma enorme diferença em«ntre excesso de velocidade e velocidade excessiva.
Para logo a seguir explicar:
- Excesso de velocidade existe quando transitas na estrada a uma velocidade superior àquela que é permitida por lei. A velocidade excessiva não tem limite e significa que vais a uma velocidade perante a qual não conseguirás parar no espaço livre e desimpedido à tua frente.
Esta teoria têm-me acompanhado desde sempre e sinceramente não me tenho dado mal. Obviamente que já fui multado por excesso de velocidade, mas nunca tive problemas em velocidade excessiva. Até agora!
Hoje saí de casa para ir a Lisboa tratar de uns assuntos. O curioso ou estranho é que no caminho encontrei diversos acidentes que atrapalharam, e de que maneira, o trânsito citadino. A coincidencia é que foram todos acidentes que poderiam ter sido olimpicamente evitados, bastando para tal que tivessem tido um instrutor de condução como eu tive.
Mas este ano ao invés do passado recente não irá ter toda a família a seu lado, nomeadamente os netos e bisnetas. Nem sempre as coisas correm como gostaríamos.
Há que aceitar!
Mas eu estarei com ele! No almoço num restaurante, que será o meu presente de aniversário e mais tarde no primeiro carregamento de azeitona que levarei para o lagar próximo.
Todavia este ano as coisas estão menos bem. A saúde começa a dar sinais de fraqueza e os rins estão por um fio. De tal modo que provavelmente irá ser mais um cliente da hemodiálise. Com os proveitos e riscos inerentes.
Está bem consciente daquilo que poderá a vir a ter pela frente e notei logo nele, na passada quarta-feira, uma tristeza cristã! Ele que foi sempre um homem de uma enorme coragem e muito focado parece faltar-lhe agora essa mesma coragem.
Mas hoje há que celebrar a vida! Que tem muito mais para contar que tudo o resto que ainda não chegou!
Hoje ao meu querido pai apenas desejo que viva este dia como se fosse o primeiro de muitos e não o fim de muitíssimos.
Ao que consegui somente hoje perceber, o Presidente da Câmara de Lisboa deseja que haja iniciativas para a comemoração do 25 de Novembro de 1975.
O Verão Quente desse já longínquo ano poderia ter-se tornado ainda mais quente se alguns militares quiçá mais lúcidos e menos políticos, não tivessem percebido o que se estava a gerar na população.
Nessa altura o meu pai comprou até um rádio, creio com onda curta, para escutar uma rádio que tinha uma emissão em Português e que era a conhecida Deutsche Welle. Através desta estação conseguia-se perceber melhor os acontecimentos, até porque a televisão evitava criar pânico popular.
Recordo de ouvir falar de marchas oriundas do Norte a descer até Lisboa e creio terem sido paradas por militares em Rio Maior. Lembro-me das manifestações pela liberdade e contra o Conselho de Revolução na Alameda D. Afonso Henriques, do sequestro do Governo, na altura chefiado por um Comandante da Marinha de nome Pinheiro de Azevedo, de uma série de pequenos e grandes eventos que obrigaram algumas forças militares, nomeadamente para-quedistas e Comandos, a tomaram posições em sítios estratégicos.
Portugal desde o 25 de Abril de 1974 vivia um ambiente frenético, muito próprio deste tipo de golpes de Estado (mais tarde renomeado como Revolução) a que algumas forças políticas chamaram de PREC (Período Revolucionário em Curso).
Nestes 19 meses que distaram Abril de 74 a Novembro de 75, nacionalizou-se a banca, seguros e as maiores empresas do País. A reforma agrária parecia estar em força para no momento seguinte perceber que nem tudo seria um mar de rosas na agricultura.
Destruíu-se também muito tecido empresarial revertendo os custos desta danosa gestão para um Estado que vivia ainda do que vinha de África.
O 25 de Novembro nasce. como já referi, porque alguns militares rapidamente perceberam que Portugal caminhava para uma ditadura à imagem de Cuba. E sendo o nosso país elemento permanente da OTAN (ou NATO), esta eventual possibilidade poderia originar uma guerra civil com contornos políticos internacionais muito preocupantes. Lembro-me de ter atravessado o Tejo num vetusto Cacilheiro e ter notado na quantidade de vasos de guerra estrangeiros fundeados no "Mar da Palha".
Por esta altura eu ainda frequentava o Liceu Nacional de Almada e dei conta de muitas escaramuças pelas ruas da cidade, rapidamente controladas pela intervenção de elementos da Força de Fuzileiros.
Foram tempos agitados, mas ao mesmo tempo de uma rápida aprendizagem e consciencialização política.
A exemplo do que acontecera em Abril do ano anterior e sendo o meu pai militar, logo fui por este avisado para não sair de casa e nem ir à escola nesse célebre dia!
Portanto no 25 de Novembro eu estive em casa... Mas sinceramente é coisa que já não recordo!
Estou na Beira Baixa! É costume vir aqui neste feriado.
Cheguei ontem já noite e a temperatura da rua rondaria os 25 graus. Como a casa não é aberta diariamente os quartos pareciam autênticos fornos o que me obrigou a ligar os aparelhos de ar condicionado.
Bom o dia hoje esteve também muito quente e após o jantar achei boa ideia ir dar um passeio pela aldeia. A noite há muito que tinha caído sobre o povo e talvez por isso considerei a aventura de um giro nocturno.
A noite estava simplesmente imaculada ao vento! A brandura da temperatura do ar convidava a fazer qualquer coisa diferente... do que estar em casa.
Saí devagar para poder saborear a noite com calma.
Esta gente que por aqui vai desfiando os seus dias é gente boa. Afável, amiga, companheira e acima de tudo fiável.
Mas o preço da desertificação nota-se já! Muitas casas à venda, a maioria quase devolutas. Os donos ou vivem no estrangeiro ou fugiram para os grandes centros urbanos deixando as heranças para resolver no futuro. Entretanto as habitações sem cuidados vão-se desboroando.
No céu mal consigo ver a Lua já que esta se encontra na sua fase minguante. Todavia as estrelas são muitas e algumas deixam-se ainda ver.
Paro no meio da rua e tento escutar.... Simplesmente!
Um silêncio quase sepulcral, cortado de vez em quando por uma cigarra ou um cão mais atento. Há nesta ausência de ruído uma estranha, mas apetecível atracção. Por esse desconhecido momento de paz.
Dou a volta à aldeia de forma pausada para regressar finalmente a casa.
Ainda a tempo de escutar o bater das horas no relógio da igreja!
Parece que o nosso país volta a estar em euforia pois foi um dos escolhidos para organizar o Mundial de Futebol em 2030.
Por este lado a minha alegria equivale a... zero!
Com tantas vidas estragadas por causa dos aumentos das taxas de juro (notem a quantidade de casas que há agora à venda!), com a questão da contagem de tempo dos professores que originaria um maior gasto do orçamento e a consequente abertura de um precedente para que outras classes viessem também reclamar, com Serviços de Urgência a fechar por falta de médicos que não querem fazer horas extraordinárias, repito com tantos problemas e vamos gastar mais uns milhões com a Organização de um Mundial.
Gostaria de saber quanto é que a FPF pensa despender com o futuro evento. Mais... quanto irá sair dos cofres do Estado e consequentemente de todos nós?
O mesmo Estado que para uns é um "mãos-largas" e para outros são só cativações!
Contudo enquanto existirem portugueses a alinhar nestes "futebóis" está-se bem! Mas depois quem se trama são sempre os mesmos!