Quando chegamos a certa idade e começamos a ver os nossos a definhar, ficamos com aquela ideia ou será sensação: amanhã sou eu que estou assim!
Quer queiramos quer não, a idade tudo nos dá e tira.
Dá-nos sabedoria, mas tira-nos descernimento!
Dá-nos sensatez, mas esconde-nos memória!
Dá-nos calma, mas retira-nos a consciência!
Portanto cada dia será mais um dia. Vivido em plenitude ou muitas vezes nem isso.
Nesta altura da minha vida peço pouco da vida. Talvez um pouco mais de paz no coração, uma noite tranquila e saúde q.b.
Vejo neste mundo tanta demanda, tanta bravata que me sinto chocado. Seria bom que muitos ouvissem o que os chineses dizem após uma partida de xadrez: o peão e o rei encontram-se dentro da mesma caixa.
Hoje de manhã quando acedi ao editor de blogues da SAPO, percebi que os dois blogues onde escrevo estavam no top 10 dos mais comentados.
Mas coincidências das coincidências também lá encontrei a Isabel, a Mafalda, a Ana e a Maria João. Tudo gente fantástica e de escrita superlativa. Ou como escrevi no título... provavelmente não!
A todas vós, minhas senhoras, os meus sinceros parabéns. Isto só prova que os comentadores preferem qualidade à quantidade!
Há dias que já estava tudo combinado para hoje, mas ainda assim âs seis e meia da manhã quando saí de casa temi o pior para o resto do dia.
Um capelo entre o branco sujo e o cinzento tapavam o anil do céu. O Sol insistia em ultrapassar aquele tapete, conseguindo-o amiúde.
Todavia as minhas piores espectativas não se confirmaram e quando cheguei ao destino, não estaria ainda aquele Sol estival, mas uma temperatura mesmo boa para a nossa demanda de hoje.
Contei as cabeças: 1, 2, 3 até chegar a 8 e mais um outro.
Portanto 16 mãos para apanhar as batatas e mais duas que conduziam com perícia o tractor que fendia a terra e colocava os tubérculos á vista e à mão de quem lá chegasse.
Durante mais de três horas os corpos vergaram-se à vontade
que a terra teve em oferecer as batatas.
Pronto... o principal deste dia agrícola foram estas batatas, apanhadas com esforço, mas outrossim com o carinho que a terra merece!
Gosto de melão. Se bem que não seja um apreciador e devorador de fruta, um melão sabe quase sempre bem.
Todavia será sempre aquela fruta para a qual raramente há unanimidade na sua apreciação... Não acreditam? Mas é verdade...
Imaginemos que abrimos um melão fresquinho acabadinho de sair de um frigorífico cuja temperatura está nos 7 graus. Rasga-se aquela casca (adoro aquele som do melão a abrir!!!), cortamos uma talhada, retiramos a casca exterior e provamos:
- Uau que maravilha! - digo eu.
Vem alguém a seguir a quem sirvo uma talhada e diz:
- Bom melão, sim senhor! É pena estar um bocadinho frio demais.
Logo a seguir alguém prova e comenta:
- Muito doce, mas pouco saboroso,,, deve ser por estar pouco fresco.
Mais à frente:
- Rico melão... mas se tivesse mais doce... seria perfeito!
Já nem digo nada... só corto talhadas:
- Onde compraste isto... não presta para nada.
Já está a mais de meio:
- Este melão ficava bem era com uma fatia de presunto!
Pois... faltou o acompanhamento!
- Está muito mole... mais rijo não se perdia nada|
Faltam poucas talhadas:
- O melão é bom o tinto é que não presta!
É verdade... esqueci-me da célebre máxima "com bom melão, bom vindo de tostão"!
- Ena só há isto? Deixa fica para mim, mas já comi melhor!
Pronto acabou-se este melão... Pode ser que o próximo seja superior! Ou talvez não!
Penso muitas vezes nesta ideia... Qual seria a primeira decisão que tomarias e que ainda ninguém tomou?
Sinceramente diria que acabaria com todos os institutos. Alguém faz ideia de quanto se gasta para manter todos os institutos a funcionar e que são na sua maioria verdadeiros elefantes cor de rosa...
Peguem num qualquer instituto público e vejam quantas pessoas a ele estão adstritas. Quem paga aquilo, o que fazem, quanto gastam para além do orçamento?
Há quem diga que os ditos Institutos são locais para abarcar os amigos dos diversos governos. Nomeadamente aqueles que deram a cara nas campanhas eleitorais e agora necessitam de algum repouso, abichando bom dinheiro.
Recordo que houve um PM (creio que foi o Dr. Durão Barroso) que ainda tentou minimizar estes custos fundindo algumas destas entidades. O problema é que fundiram no papel mas a realidade anterior manteve-se igual.
Termino com a questão em aberto para os meus leitores; se fosse PM por um dia que primeira decisão tomaria?
Neste mesmo dia há precisamente três anos despedia-me virtualmente dos colegas do trabalho, pois ia entrar de férias para logo a seguir passar à reforma.
Segue infra a mensagem que enviei na altura aos meus colegas. Não enderecei a todos porque, sinceramente, ao fim de mais de trinta e cinco anos já conseguia separar o trigo do joio. E alguns nem a água que gastavam mereceiam. Mas isso foram outras estórias que hoje aqui não interessa.
Esta foi a mensagem que escrevi e que depois de a reler, mesmo depois de passados estes anos, não retiraraia uma vírgula.
"Boa tarde,
ONTEM fui um jovem que aos 23 anos abraçou o desafio de entrar nesta casa. Quase inocente e ingénuo estava, ainda assim, muito longe de imaginar como é que aquele passo, no já longínquo dia 6 de Outubro de 1982, quando entrei pela primeira vez no 148 da Rua do Comércio, viria a influenciar a sua vida.
HOJE sou um homem maduro. Daquele menino de ontem resta muito pouco ou quase nada. Entrei solteiro, mas por aqui casei, fui pai e avô. Quem diria? Nem eu, nos meus sonhos mais optimistas, calculei aqui chegar. Mas saio desta casa de cabeça erguida, consciente que trabalhei não para uma instituição, mas essencialmente tentei defender uma causa. Retiro-me por isso feliz. Muito feliz.
AMANHÃ acordarei igual ao que sempre fui até aqui: um amante da vida. Não imagino se viverei um dia, uma semana ou uma década. Mas também não é algo que me preocupe grandemente. Viverei apenas o segundo seguinte sem medos ou dúvidas. Nem poderia ser de outra forma.
FINALMENTE vou-me despedir. Sem lágrimas nem sorrisos. Sem amplexos nem osculações. Esta pandemia retirou-nos, outrossim, estes pequenos e singelos prazeres. Mas é a vida!!!
QUERO no entanto deixar aqui um agradecimento profundo e autêntico pelo contributo que deste pela forma com que saio desta casa. Não o posso nem devo esquecer!
AO fim de 37 anos, 9 meses e 25 dias, a porta onde entrei tem o mesmo sentido de hoje. O do dever cumprido.
DESEJO que o teu futuro seja tão radioso quanto tu esperas e desejas. E que no fim da tua caminhada possas também viver a alegria que hoje vivo.
OBRIGADO."
Decorrido 36 meses continuo a pensar que fiz bem em sair. Tenho os meus dias preenchidos, a vida repleta de eventos (bons e maus!), alguns sonhos realizados, mas muitos ainda por realizar.
A vida acaba sempre por nos mostrar quais os resultados das nossas decisões. Independentemente do que possa acontecer num futuro mais perto ou mais longe, ainda não arrependi de ter saído.
Talvez amanhã penso o inverso, porém ainda não cheguei lá!
Hoje um velho amigo a quem enviei o meu novo livro telefonou-me a agradecer, para logo a seguir me perguntar se escrevia há muito tempo ou era coisa de reformado!
A minha resposta foi simples: escrevo e publico há 45 anos! O que equivale dizer que era ainda um miúdo quando me iniciei nestas coisas da escrita.
Mas realmente o que achei curioso é como ele nunca soubera desta minha paixão, tendo em conta que trabalhámos juntos alguns anos. Depois tínhamos e temos ainda a paixão pelas velharias o que fez com nos relacionássemos mais especialmente quando visitávamos a Feira da Ladra. Porém esta coisa da minha escrita estava longe do seu pensamento.
Depois de desligarmos fiquei a matutar na ideia de como quase todos nós temos um "eu" escondido, originando muitos que nos rodeiam fiquem surpreendidos com as nossas diferentes valências. Recordo como exemplo de colegas que comigo trabalharam no fim do dia eram professores, atletas, árbitros de um qualquer desporto, jornalistas ou actores de teatro.
Vidas duplas ou somente o tal "eu" que teima em esconder-se?
Andava eu a pensar no que escrever hoje quando me percebi de alguns comentários a um texto meu e assinados como anónimos. Não é a primeira vez... E, sinceramente, gosto desta gente corajosa e subtil que nem habilidade têm para inventar um nome falso.
Aprecio especialmente quando dizem mal do que escrevo. A sério... gosto mesmo. Porque quando tentam baixar o nível eu não consigo, por educação ou formação, descer ao mesmo patamar deles. E respondo usando quase sempre da ironia que é uma atitude que nem toda a gente entende.
Mais a sério nunca percebi o que leva os comentadores a pespegarem uma qualquer opinião sob a capa de anónimo. Podem até nem ter conta nesta plataforma, mas não ficaria mal colocarem o nome no fim do comentário como as pessoas educadas fazem!
O meu serão de ontem foi a assistir ao último episódio da segunda temporada da série documental da Onda da Nazaré que é apresentado pela HBO!
Meia dúzia de episódios bem feitos e bem esclarecedores do que é o pensamento e filosofia dos surfistas, especialmente os de ondas grandes.
Já no Verão de 2021 havia escrito aqui algumas considerações sobre a primeira temporada. Daí o meu interesse em ver a continuação deste belíssimo e esclarecedor documentário.
Após ter assistido às duas temporadas fico com a ideia de que os homens e mulheres que andam nestas vidas... não são deste mundo. Não falo da questão terrena ou fantasmagórica, mas essencialmente na tenacidade, coragem e porque não dizê-lo... teimosia de toda esta malta.
Outra ideia que ficou segura é que muitos vivem disto, vivem para isto, mas acima de tudo pretendem apenas uma coisa: superar-se a si mesmo! Um sentimento quase filosófico.
Mas há um senão neste desejo... É que o adversário deste pessoal tão corajoso chama-se tão-somente... Mãe Natureza!
E por muito que tentem e consigam, por vezes as coisas não correm nada bem! Nada mesmo!
Lembro-me com saudade das antigas Feiras do Livro de Lisboa, quando os pequenos stands amarelos escorriam pela Avenida da Liberdade abaixo.
Hoje a Feira do Livro não é um encontro da população com a escrita através dos livros, mas quase só uma feira de comes, bebes e demais coisas, com uns livros à mistura.
Um dos exemplos do poder de compra dos portugueses está também nesta postura demasiado consumista e menos cultural. Disfarça-se depois a coisa com umas sessões de autógrafos e mais umas actividades e... voilá... uma Feira do Livro bem moderna e actualizada.
Fui à Feira este ano numa correria pois sabia que os autores de certo livro que queria comprar estariam presentes para autografá-lo. Adquiri o "dito-cujo" que foi devidamente autografado pelos escritores e parti tão depressa quanto cheguei... sem percorrer mais nenhum stand.
Outrora a Feira do Livro de Lisboa era um local quase mágico, onde poderíamos calmamamente ver os livros, folheá-los sem sermos empurrados. Tudo isso desapareceu para dar lugar a uma fauna humana estranha e muito volátil.
A Feira perdeu alguma da magia de outros tempos...