A estória da minha vida não é daquelas de fazer chorar as pedras da calçada, mas tenho quase a certeza absoluta que muita gente que tivesse passado o que eu passei estaria nesta altura dependente de muitos medicamentos.
Cada um é como é, da mesma maneira que ninguém deverá obrigar os outros a serem da maneira que acham que deveriam ser. Como fizeram comigo, por exemplo, muito tempo. Demasiado, acrescente-se!
Todavia com os anos fui-me libertando desse espécie de jugo e, usando uma lingiuagem informática, a determinada altura formatei o meu cérebro e consequentemente a minha vontade.
Deixei de me preocupar com aquilo que os outros pensavam de mim, procurei ser leal a mim mesmo em detrimento de outras opções quiçá mais apelativas, passei, no fundo, a preocupar-me em ser feliz.
Mas a felicidade não é uma poção que se compre numa farmácia nem numa ervanária... A felicidade é um estado de alma contendo duas peças fundamentais. Uma chama-se aceitar o que a vida nos dá e a segunda traduz-se numa outra palavra: coragem!
Com a primeira percebemos que aquilo que não podemos mudar é para aceitar sem qualquer rebuço já que, provavelmente, nunca dependeu de nós. Porém a segunda envolve-nos até ao fundo. A coragem não é apanágio dos heróis de filmes de aventiuras, mas envolve cada um de nós na plenitude do nosso pensamento e vontade.
Ao invés de muitos que se dizem cobardes perante a vida, assumo que essas pessoas nunca perceberam o que constitui a verdadeira coragem do ser humano.
Coragem é ter medo, mas ainda assim avançar;
Coragem é viver inseguro, mas ciente que pode ganhar;
Coragem é gritar a plenos pulmões para que possa ser ouvido;
Coragem é amar o impossível!
Olhe então cada um de vós para dentro de si mesmo e pergunte o que pode e deve aceitar e aquilo que pode e deve ter coragem para mudar.
Um destes dias em conversa com o meu filho mais velho descobri que amanhã será feriado. Jamais me lembrei de tal coisa...
Na verdade isto de ser reformado nem sempre é perfeito. Onde está aquele sentimento doce de se saber de um feriado ou de um fim de semana? Agora já não tenho.
O estar a trabalhar ou melhor ter uma responsabilidade de horário e do cumprimento de um dever também tem os seus pequenos prazeres associados. Poder enfiar-se uma sexta de férias como ponte para o fim de semana é algo só possível enquanto somos elementos activos. Reformado não tem esse gosto, esse sentimento de quase libertação.
Na realidade é que enquanto reformado. se não se tem horários nem obrigações para trabalhar também não se tem para parar. Ou dito de outra forma permace-se sempre disponível para algo que seja necessário.
Por isso gozem o sabor meloso de um feriado, façam uma ponte, aproveitem para serem ainda mais felizes.
Comemora-se hoje, neste primeiro dia do mês de Junho. o Dia Internacional da Criança.
Muitas iniciativas, acredito, por esse país fora de forma a darem às nossas crianças aquela alegria especial.
Tudo certoi!
No entanto há algo que fica por dizer e se calhar por fazer e que se prende com todos nós que já fomos crianças.
No meu tempo não havia dias especiais nem para as crianças, nem para os idosos, nem para coisa nenhuma! E não foi por isso que fui mais infeliz na minha criancice.
Se eu não recordo a minha infância com a alegria e, quiçá, a saudade da maioria, isso não me impede de pensar que todos um dia fomos crianças e que essa bolha - como agora soe dizer-se - ainda reside em muitos dos nossoa corações, mesmo que não gostemos de admitir.
Então e se assim é porque não partilhar a dita bolha com as outras crianças de tenra idade? Quantas brincadeiras vivem nas nossas memórias e que nós nunca partilhámos com os mais novos? Quantas estórias ouvimos e recordamos e que não transmitimos aos mais pequenos?
O dia da Criança deveria ser, não o dia unicamente dos mais novos, mas de todos aqueles que aceitam a criança que vive nos seus corações.
Talvez um dia por ano fossemos simples e genuinamente felizes, como só as crianças sabem ser!