Desde Fevereiro último que Portugal tem novas matrículas adaptadas às suas viaturas. Já quase todos nós demos conta dos novos carros com as tais duas letras, dois números e novamente duas letras.
E já sem o tal ovinho estrelado de lado, que indicava o mês e o ano da viatura. Tudo limpinho já que os traços entre os números e letras também desapareceram.
Até aqui não há nada a dizer...
No entanto e de uma forma sincera não entendo a razão porque muitos donos de carros matriculados antes de Fevereiro deste ano têm vindo a trocar as antigas chapas de matrículas pelas novas.
Até porque, para mim, as anteriores pareciam-me mais bonitas:
"Ah e tal têm o ano original da viatura..." - poderão alguns proprietários assumir.
Qual é o problema? - pergunto eu.
Convençam-se então de que não é por retirar o ano da matrícula que o carro fica mais novo, acho eu...
Entretanto também quero uma nova matrícula para o meu popó! E até já descobri as letras...
Quanto aos números coloquei zeros, mas se vocês tiverem alguma ideia de algarismos para ali colocar estou receptivo...
Em finais de Janeiro deste ano, tão incomum como inesperado, preparei-me para as férias deste ano. Assim marquei viagens e estadia para três das nove ilhas açorianas, a saber: Santa Maria, Graciosa e S. Miguel.
Mas com a evolução da pandemia durante meses temi o pior... E o pior seria não ir de viagem!
De vez em quando recebia umas mensagens na minha caixa de correio electrónico dando conta da evolução da pandemia nos Açores. As notícias não pareciam muitos animadoras.
Hoje decidi fazer um ponto de situação tendo em conta que recebera uma mensagem a comunicar que um dos vôos havia sido antecipado em algumas horas. Telefone em riste eis-me à espera que alguém me atendesse da companhia aérea.
Finalmente consegui saber tudo e reenviaram-me novos bilhetes já que o vôo em que previra ir já não se faria, saindo um outro mais cedo.
Depois decidi fazer um périplo pelos diversos alojamentos previamente reservados.
E foi assim que percebi que no próximo dia 16 de Julho, dia da minha partida de Lisboa, far-se-á o primeiro voô directo pós-pandemia entre Lisboa e Santa Maria... e eu estarei nele. Depois também descobri que o hotel para onde irei dormir nessa noite reabre nesse mesmo dia 16 de Julho. Quem diria?
Quando se começou a falar em desconfinamento veio logo ao de cima o problema das praias. Como é que se iria resolver a situação de limitar o número de pessoas.
O Primeiro Ministro falou, creio eu, em semáforos o que já de si me pareceu inviável, mas pronto ele lá saberia.
A última semana tenho estado a banhos... Uns dias surgiram mais quentes outros mais frescos, mas para mim nada disso impediu de visitar a praia da Rainha situada na margem sul do Tejo.
Para quem não conhece a praia esta faz parte de um conjunto de praias que começam na velhinha Costa da Caparica junto à Praia Nova e acaba bem perto do Cabo Espichel. Serão perto de uma vintena de quilómetros com um enorme conjunto de acessos ao areal seja através de parques de campismo e parques de estacionamento ou mesmo através de acessos quase escondidos.
Hoje de manhã, quando cheguei à praia da Rainha encontrei à entrada do areal, tal como nos dias anteriores a sinaléctica heráldica verde. O que siginificava que o número de pessoas na praia ainda seria razoável.
Todavia quando saí, bem perto das 13 horas, encontrei uma bandeira diferente. Amarela! O que quererá significar que o areal estaria quase preenchido.
Só que as praias não se enchem somente com as pessoas que ali chegam através daqueles acesso... A verdade é que há muita gente que estaciona noutros parques e depois vêm ali ter a pé, tal como o inverso também é provável e possível.
Quero então com isto dizer que pode a sinalética ser necessária, mas não neste tipo de praias... Para isto ser eficaz seria imperioso limitar a praia com uma estrutura que impedisse outros acessos. O que neste local e nesta costa tornar-se-ia quase impossível!
Regresso a um tema que não me é grato, mas que coloca em causa a saúde pública: as máscaras no chão.
Continuo a vê-las espalhadas quase como se fossem meras folhas de árvore. Em Lisboa por diferentes sítios (Alcântara, Telheiras, Almirante Reis, Avenida da República…), na Amadora, em Sesimbra, em Corroios, nas praias da Costa da Caparica… isto é… por onde passo encontro sempre máscaras no chão!
Um enorme risco, uma grandessíssima falta de respeito, uma total ausência de cidadania é o mínimo que posso dizer desta gente que larga no chão as máscaras que deveriam deitar no lixo. Será que custa assim tanto?
Mas claro para a DGS, Ministra da Saúde, PM e PR isto não é um problema…
Estava há pouco tempo naquela tesouraria quando percebi que partidas (não as de Carnaval!!!) eram mui frequentes. As vítimas poderiam ser os maçaricos, se bem que também o fossem, mas havia no serviço outros que não sendo novatos, quase todos os dias eram brindados. Mas este será um dia tema único…
Entretanto um dos mentores das partidas era o Zé Alípio. Trabalhámos muitas vezes juntos nas caixas, lado a lado, até que um dia foi a chefe de secção e aí passei de “companheiro de luta” a colaborador. O Alípio tinha um humor muito próprio, de tal forma que nunca ninguém sabia se o que estava a dizer era a sério ou a brincar.
Conta-se que há muitos anos os colegas convenceram-no a criar, na quinta que tinha na aldeia, um porco com o intuito de num fim-de-semana todo o serviço ir lá fazer a matança e um petisco. Todas as semanas se falava no suíno e meses mais tarde acabaram por combinar ir à aldeia do Zé. Contratado um autocarro para levar o pessoal eis que na véspera do tal fim-de-semana o Zé com ar abatido chega ao serviço e confessa que tem de se adiar a matança porque o porco estava doente!
Uns riram, outros barafustaram, para logo se perceber que jamais houvera porco… Nem vivo nem morto!
Fui também testemunha de uma resposta insólita à boca da caixa. Naquele dia eu e o Zé fomos pagar cheques aos empregados da casa. No rés-do-chão do Edifício havia sido, entretanto, montada uma máquina de Multibanco. Estávamos no início desta forma de levantar dinheiro e algumas ATM,s davam sérios problemas. Eram nove e meia da manhã e chega uma colega perante o Zé com ar aflito:
- Bom dia…
- Bom dia colega – devolve!
- A máquina lá de baixo comeu-me o cartão…
O Zé na sua fleumática calma olha para o relógio e responde:
- Pudera… são nove e meia e a máquina ainda não tomou o pequeno-almoço. Deve estar cheia de fome!
Só não ri perante a senhora para a não humilhar, mas mais tarde dei vazão ao meu riso.
Mas a maior característica do Zé seria criar dúvidas, receios ou alimentar pequenas bravatas. E tinha, para isso, uma técnica assaz simples. Já como chefe e da sua secretária usava o telefone fixo para as partidas. Bastava para tal que uns certos colegas estivessem presentes na sala mesmo que não fossem para falar com ele. Pegava então no telefone e simulava estar a falar com alguém do outro lado. Por exemplo:
- Então tu dizes que qualquer pessoa com mais 45 anos pode reformar-se por inteiro?
- ….
- E ainda leva uma promoção? Isso é óptimo… Vou pensar nisso! Obrigado pela informação. Abraço!
Tudo mentira… Só que estando alguém presente, como disse, o Zé sabia que dois minutos depois toda o pessoal do serviço saberia. E era aqui que a brincadeira começava.
Normalmente vinham depois ter com ele pedir esclarecimentos e ele, obviamente, desmentia tudo… Que nunca dissera nada e nem sabia como tinham inventado.
Os que com ele trabalhavam directamente alinhavam outrossim na mentira e gozavam com as situações.
Entretanto o outro que denunciara é que ficava sempre mal visto…
Esta postura originou que durante muito tempo e já depois do Zé ter ido para a reforma ainda se falavam das “chamadas à Zé Alípio”... Sem ninguém do outro lado!
As minhas leituras continuam na senda de clássicos. Agora fui buscar a obra-prima da médica de origem chinesa, Han Suyin, à minha pobre biblioteca. Uma edição de 1973 do Círculo de Leitores.
Definitivamente continuo a não ler o português do Novo Acordo Ortográfico que tanta polémica tem dado e por isso recorro aos meus livros velhinhos.
Como título original "A many-splendoured thing" esta obra foi traduzida para português como "A Colina da Saudade".
Uma obra que deu um grande filme e que ganhou só 3 Óscares.
Avanço já com a opinião de que a decisão do Conselho de Ministros sobre manter um confinamento em 19 freguesias no Área Metropolitana de Lisboa não irá resolver nada.
Porque as pessoas não querem saber, porque acham que só acontece aos outros, porque temos um SNS que, por muito mau que seja, irá suportar os custos.
Durante o confinamento que iniciou em Março saí um par de vezes de casa somente para comprar pão. Nesse tempo vi tanta e tanta gente sem máscara. Nos supermercados, nas paragens dos autocarros, até nos cafés.
De certa forma isso agora está melhor... Todavia a semana passada enquanto esperava no carro pela minha mulher, que fora a uma consulta médica, reparei que um grupo de rapazes e raparigas muitos jovens (14/16 anos) encontraram-se na rua fizeram uma enorme galhofa e notei que nenhum deles trazia máscara. Bastava que um estivesse infectado...
Portanto e para terminar... não poderei sair de casa nos próximos 15 dias porque moro numa das freguesias abrangidas... Então e se tudo se mantiver como até aqui? Passaremos para a cerca sanitária? Para uma prisão domiciliária?
As pessoas querem ser infectadas? Deixá-las ficar...
Não fui eu, mas alguém muito próximo e com quem lido diariamente: a minha mulher!
Há perto de vinte anos esteve a segundos de pôr termo à sua vida com medicamentos.
Após uma série de psiquiatras e centenas caixas de todos os ansiolíticos e antidepressivos que havia no mercado, lá encontrou um médico que conseguiu colocá-la num caminho menos tortuoso. Mas foi duro, muito duro!
Sei por isso o que sofre alguém que não consegue lidar com o seu dia, seja ele fantástico ou tenebroso. Tal como sei a forma quase impotente dos cuidadores… ao tentar minimizar as crises… quando as identificam!
A impensável morte de Pedro Lima acabou por abrir as portas a um tema que, por vezes, é esquecido na nossa sociedade. Seria muito bom que se começasse a falar com mais assertividade desta doença que atinge tanta e tanta gente ao nosso lado. Nem sequer imaginamos… quantas pessoas!
Entretanto hoje na nossa costumada passeata pela praia coloquei uma questão à minha mulher: o que dói mais a dor física ou a dor interior?
Eis a sua rápida resposta:
- A dor física consegues combatê-la com analgésicos ou anti-inflamatórios. Melhoras com os medicamentos e consegues ser tu… normalmente na tua vida. Com a dor interior tu tomas comprimidos, atenuas é certo a dor interior, mas deixamos de ser completamente nós…
Sinceramente ainda não me habituei à ideia de que não irei mais trabalhar. Se bem que só ainda tenha passado uma semana a verdade é que aquele sentimento de olhar para o relógio (que agora já não uso) desapareceu.
Esta primeira semana foi assim um tanto atípica porque andei na condição de motorista. Mas não me importo até porque gosto de conduzir e como ando a horas desencontradas do trânsito citadino, melhor ainda.
Repito que é ainda mui estranha a sensação de, acima de tudo, não ter horários para cumprir. Sempre gostei de chegar cedo ao trabalho e talvez por isso ainda acorde quase de madrugada. Levanto-me mas logo que reparo nas horas regresso ao leito sem muito sono, onde fico com a cabeça a trabalhar nalguns projectos de escrita.
Ando a reorganizar a minha antiga escrita que vou agora publicando sempre que encontro algo de novo noutro espaço da blogosfera.
Depois há sempre ideias novas a pairar neste espírito rebelde.
Entretanto vou entrar na segunda semana com um calor acrescido a requerer... praia!