Quando em 2015 a coligação PAF ganhou as eleições, sem maioria absoluta, e foi criada uma plataforma de entendimento entre diversos partidos de centro esquerda (vulgo geringonça) abriu-se uma espécie de caixa de pandora que agora Espanha tenta imitar envolvendo o PSOE como partido maioritário e mais uns acordos com diferentes organizações.
Tudo em nome de um poder que se diz democrático.
Este novo tabuleiro político só é possível porque a esquerda considera que tudo o que faz é bem feito desde que chegue ao poder.
Os Louçãs desta vida não percebem que ao jogarem o jogo político com estas novas regras estão, pura a simplesmente, a subverter o desejo popular expresso através do voto?
O próximo ano vai trazer mais eleições. Perfilam-se por isso novas demandas contra este governo de forma a fragilizá-lo e retirar a força que ainda tem. O PCP e o BE farão de tudo para que isso aconteça. A tal paz social que reinou desde que a geringonça assaltou o poder vai deixar de existir.
Exemplo disto foi a greve de hoje nos comboios que prejudicou milhares de passageiros. Virão de seguida as greves de professores e provavelmente daqui a uns tempos a FP por causa de um decreto qualquer.
Aproximam-se novos e estranhos tempos. O PSD tarda em encontrar um rumo num Rio repleto de incertezas. Cristas contradiz-se entre aquilo que propaga e o que fez enquanto governante. O AC, bem à moda de Trump americano desfaz o que PPC fez, não medindo as consequências nos seus futuros acordos. Enquanto a esquerda vai lançando algumas armadilhas já sobejamente conhecidas.
Se a inveja soez é o nosso pior defeito, a brandura da aceitação será, quiçá, a nossa maior virtude.
Na vida já fiz um pouco de tudo. Gerei dois filhos, já escrevi um livro (mesmo que seja uma coletâna de pequenos contos) e finalmente já plantei diversas árvores. Para além de outros trabalhos menores.
Mas este fim de tarde voltei a plantar uma árvore. Desta vez uma laranjeira, já que a anterior que se transpôs ressentiu-se da mudança e acabou por secar.
Gosto deste sentimento de dar vida à vida. E uma árvore, mesmo que um citrino, é um momento fantástico.
Agora é aguardar que o frio nocturno não estrague esta mudança.
Três anos seguidos a ir à Feira é, para mim, um luxo.
Durante muitos anos andei dali ausente. Outros factores obrigaram-me ao afastamento.
Só que agora tenho companhia... Do meu infante mais novo.
A Feira do Livro é acima de tudo um local onde as diversas culturas, idades e condições se misturam numa saudável mixórdia. Em diversos palcos pudemos ver autores, apresentadores e debates o que enriquece ainda mais este certame.
Hoje tive a oportunidade de escutar o Ricardo Araújo Pereira na apresentação de um autor Brasileiro. De ver António Lobo Antunes em amena cavaqueira. de perceber um debate envolvendo diversos jornalistas.
Cruzei-me com um antigo ministro de um governo socialista, encontrei um colega de trabalho e dei asas à minha imaginação ao ver tanta criança na feira.
Um sinal menos positivo são os corredores muito apertados entre os pavilhões, tanto mais que a multidão era realmente muita.
Bom quanto às compras... BD para não variar, alguns volumes para oferecer e outros romances para eu ler já de seguida.
Gostei especialmente da compra dos Contos Completos de Marcel Proust. Cerca de 300 páginas a pedirem para serem lidas o mais breve possível. Veremos quanto tempo levarei a lê-lo.
Por fim direi que a Feira do Livro é cada vez mais o centro de cultura Lisboeta especialmente neste mês das Festas da Cidade.
Ler tem, para mim, uma espécie de religiosidade associada. Não leio qualquer coisa em qualquer lado. Primeiro porque os livros devem ser manuseados como de uma pessoa se tratasse. Depois porque carregam consigo tantas emoções que não podem ser lidos em qualquer lugar.
Lembro-me dos meus tempos de juventude que todos os sábados comprava dois Jornais: o Expresso e o Jornal de Almada. Pegava neles e dedicava toda a manhã a lê-los numa mesa de um café. Por isso, ler a “Antologia do Delito de Opinião” foi quase um regresso às origens porque li-o quase todo, à mesa do café onde diariamente tomo o meu pequeno-almoço. E foi de tal maneira absorvente que a maioria das vezes cheguei atrasado ao trabalho por me embrenhar na leitura deste livro. Parabéns aos autores, pois não é fácil juntar numas meras 240 páginas tantos autores e tanta escrita boa.
Cada autor com o seu estilo e temas, mas numa simbiose assaz apelativa. Fico portanto a aguardar um segundo volume!