A minha relação com a minha mulher baseia-se acima de tudo na sinceridade. Deste modo falamos de tudo sem problemas nem tabus.
Trago esta ideia porque recebi no meu telemóvel duas mensagens que não sendo, no meu caso, comprometedoras poderão ser para a remetente.
Bom… a estória começou a semana passada. Uma colega teve de sair do país em trabalho. No dia seguinte recebi uma mensagem da mesma a comunicar-me um problema informático no seu portátil.
Através do “WhatsApp” tentei perceber qual seria o situação, mas a própria, entretanto, conseguiu resolver e comunicou-me. Até aqui não há nada de estranho. Só que hoje percebi, naquela aplicação no meu telemóvel, duas mensagens muito pessoais, obviamente dirigidas ao marido da colega mas que me foram indevidamente endereçadas.
Quando li os textos não pude evitar uma enormíssima gargalhada.
Coitada da colega que provavelmente nem percebeu que me incluiu na mensagem.
Ao contrário de muita gente já não faço anos... somente comemoro aniversários.
E este é o tal dia!
Antigamente costuma passear. Hoje vou queimar lenha, devidamente acompanhado da minha mulher e do meu filho mais novo.
Mas há neste trabalho uma vantagem... Almoço e janto com os meus pais. A idade também tem passado por eles, mas ainda estão ali para as (poucas) curvas.
Pretendo apenas viver feliz este dia, como se fosse o último da minha existência, pois que a felicidade não é algo que se adquira, qual tablete de chocolate. É sim feita de muitos altos e baixos e acima de tudo vive-se na plenitude de todas as horas. Sempre com um sorriso nos lábios... Nem podia ser de outra forma.
O dom da minha vida é saber e ter a consciência serena de que já aqui cheguei. O resto? O resto é paisagem!
Mais um fim de semana longe da cidade. À hora e no momento que escrevo este texto (quinta-feira) não imagino como estará o dia em que esta prosa vier a lume.
Mas de uma coisa estou certo: não tenho acesso à internet e mui dificilmente serei capaz de responder aos comentários (se os houver)!
Portanto até à próxima terça vou mascarar-me de latifundiário, dono de terras e casas, de fontes e charcas, de pinheiros e medronheiros.
Uma ausência meio longa, mas com o pensamento permanente na escrita.
A vida para os Bancos, sejam eles estrangeiros ou portugueses, não tem sido (nada) fácil. É certo que durante muitas décadas a Banca, tal como o País, viveu muito acima das suas possibilidades. Ou dito de outra maneira tudo foram facilidades desde que fosse para emprestar dinheiro. O pior era pagar...
Correu inexoravelmente o tempo e com este vieram as crises e os Bancos começaram a tombar que nem tordos em tempo de caça. As econemias deram um trambolhão e daí as taxas europeias de empréstimos cairam de tal forma que passaram a ser negativas.
Posto isto as instituições financeiras, cujo negócio seria vender dinheiro, passaram a não o poder fazer ou a fazê-lo de forma mais comedida.
A economia no espaço europeu tardou em crescer (e ainda não cresce no desejo de muitos!!!) o que originou naturalmente uma menor procurar de créditos.
Com este panorama tão cinzento, para não lhe chamar negro, os Bancos começaram a procurar outras fontes de rendimento. É assim que nascem as comissões sobre tudo e sobre nada. Os cheques custam actualmente uma fortuna quando antigamente eram gratuitos, o que leva a maioria das pessoas a não usarem esta forma de pagamento.
Os cartões de débito e crédito tem altas taxas de manutenção. Os levantamentos ao Balcão, que não sejam através de cheque, são outrossim gravemente taxados. Depois são os títulos em carteira, as transferências entre bancos, alguns pagamentos, tudo vítimas das tais comissões.
É certo que agora há um preçário para toda a espécie de serviços, mas será que alguém os lê?
Resumindo... caminhamos assim para que um destes dias deixarmos de ter dinheiro no Banco e passar a tê-lo em casa, escondido quiçá num colchão, de forma a não ser desviado para e por mãos indecorosas.
Faz hoje 30 anos que uma doença estúpida (como são todas as doenças!!!) levou dos portugueses a voz que cantou a luta contra um regime ditatorial.
Zeca Afonso cantou e encantou-nos. Curiosamente nunca comprei um disco dele, vá lá saber-se porquê, mas conhecia muitas das suas músicas.
Não foi somente o homem de compôs Grandola, Vila Morena... Foi um cantor que amou a liberdade e a música a um nível que dificilmente alguém conseguirá superar.
Era conhecido a sua tendência de esquerda, mas isso não invalidou que o valor das suas canções fosse naturalmente reconhecido por todos os que o escutaram, independentemente da opção de esquerda ou de direita.
Uma coisa tenho a certeza em relação a este cantautor: Zeca foi a voz que cantou a dor, a tristeza e o medo de Portugal e soará, como um eco, para sempre.
Um destes dias um colega de trabalho perguntava-me onde conseguia eu arranjar assunto para escrever todos os dias, aqui neste espaço.
Respondi-lhe com a mais comum e normal das respostas: basta estar atento ao que nos rodeia, pois há sempre algo para falarmos (leia-se escrever).
Reconheço, todavia, que esta minha disciplina é por vezes mui difícil de manter, mas a persistência tem de ter um enorme peso na nossa vontade.
Escrever tornou-se para mim quase um vício. Visitar blogues mesmo que não comente é outra das minhas paixões diárias. E se algumas vezes não escrevo é porque estou em local em que o serviço de Internet não chega ou é muito fraco. O exemplo é a aldeia dos meus pais onde raramente consigo aceder à rede.
Aproxima-se outro fim de semana de trabalho árduo e deveras cansativo e sem escrita para publicar. Valho-me por isso de textos pré publicados que só virão a lume no dia que estiver previamente estabelecido.
Só assim conseguirei manter a minha meta: escrever em média um texto por dia.
Todos temos mais ou menos a consciência de que em Portugal a única forma de se sobreviver prende-se com aquela atitude tão lusa à qual pomposamente chamamos de "xicoespertice".
É com as Finanças onde tentamos por todas as formas pagar menos impostos, com a saúde quando estamos de baixa só porque não nos apetece aturar o chefe ou na estrada quando rodamos a 150 num local de 90 e apanhados pelo estúpido radar, usamos aquela desculpa, tão esfarrapada quanto gasta, de que morreu o nosso avô e estamos cheios de pressa para o funeral.
Todavia vi hoje esta filosofia tão portuguesa, aplicada ao estacionamento de viaturas. Eram 9 da manhã quando reparei que um carro estacionava num local a pagar, mesmo á frente onde trabalho. De dentro sai uma jovem que vai digitando no telemóvel qualquer coisa. Imaginei que fosse uma daquelas aplicações para pagamento, como eu tenho.
Nada disso... a jovem dá a volta à viatura, abre a porta do lado do pendura e de dentro retira um envelope laranja, daqueles que as empresas usam para nos bridarem com uma multa de estacionamento indevido.
Não é que a jovem coloca o dito envelope debaixo do limpa pára-brisas, como tivesse sido já multada?
De seguida fecha o carro e parte para a sua vida. Sempre pensei que fosse por pouco tempo, mas como sempre enganei-me e horas depois ainda lá se encontrava a dita viatura com o mesmo envelope.
Resumindo... um carro todo o dia estacionado gratuitamente.
Quando muitos se escondem, escusam e fogem aos desafios que a vida lhes propõe, este meu amigo soube enfrentar tudo e todos e viver uma existência diferente.
Esta sua nova vida foi acrescentada recentemente pelo nascimento de uma criança. Um rapaz que é a luz da sua nova vivência.
De tal forma marcante que escreveu este belíssimo texto no seu blogue. Este é um espaço diferente onde as palavras vivem numa invulgar serenidade, ao mesmo tempo que se mostram tão poderosas.e tão pungentes.