Sempre gostei de animais. Especialmente domésticos. Cães e gatos de preferência.
Sei que os gatos são normalmente muito independentes e com personalidades bem vincadas. Os cães são geralmente dóceis e bons amigos do ser humano. Eu que o diga...
Lembro-me bem dos nomes dos cães e cadelas que passaram (e ainda passam) por casa dos meus pais e agora na minha: Aiçu, Sebastião, Tica, Farrusca (duas), Black, Pantufa, Tintim, Piki, Bijou, Lupi.
Sempre lidei com eles como simples animais que são. Respeitei-os e eles respeitaram-me. E respeitam ainda!
Por isso acho muito estranho que alguém faça dos animais verdadeiros autómatos como se fossem unicamente máquinas de obedecer. E refiro esta situação porque vi um destes dias, numa rede social, um filme onde um cão, por acaso bem simpático, obedecia que nem um robot às ordens do dono.
É preciso ser-se demasiado egoísta para se obrigar um animal a ter atitudes quase humanas. A natureza tem regras que não devem ser desprezadas. Nunca! Um cão pode ser um bom amigo do homem, mas não é, de todo, um ser humano.
E neste mundo tão moderno há ainda quem não perceba isso.
Termino assim com uma simples questão: porque será que o melhor amigo do homem não fala?
Acabadas que foram as eleições é tempo de arrumar toda a tralha, que vimos e ouvimos durante as últimas semanas, no sótão das nossas memórias. E lá deverão ficar por mais uns anos… Ou provavelmente não.
A tróica regressou a Portugal para mais uma visita que não será de mera cortesia. Tendo em conta o que já foi decidido implementar por parte do actual governo é bom que este se prepare para ouvir aquilo que não gosta.
É por demais sabido que AC prometeu muito. Prometeu o que não sabia se podia oferecer e agora vai ser confrontado com a execução dessas promessas. Se por um lado vai ter os técnicos da Comissão Europeia a meter o “nariz” em todas as parcelas das contas, por outro vai sentir o olhar crítico do povo a quem prometeu o… paraíso!
Para os lados de Belém o ainda PR Cavaco Silva começa a arrumar as suas coisas dando lugar a um Marcelo cheio de estaleca e com uma visão política e social do país diametralmente oposta à do actual Presidente.
Deste modo Portugal prepara-se para diversas mudanças. Vai ser o tempo de aguardar o que os próximos meses nos vão trazer. Se haverá uma relação S. Bento/Belém assente no respeito das instituições sem tentativas de golpes palacianos ou se mais tarde a crispação entre estes órgãos de soberania cresce, prejudicando naturalmente o país.
O tempo (infelzmente) nunca joga a favor de Portugal!
Partidariamente falando, o PCP foi o grande derrotado das eleições de ontem. Com um candidato a roçar o ridículo o partido da Soeiro Pereira Gomes continua a esvaziar-se. E não há Festa do Avante que lhe valha!
Seguidamente temos o PS que conseguiu das suas fileiras (pasme-se!!!) retirar quatro candidatos: Sampaio da Nóvoa, Maria de Belém, Henrique Neto e Valentino Silva. Imaginem se o partido de António Costa tivesse apoiado um só candidato? Provavelmente estaria aqui com outra conversa…
Avancemos pois… António Costa é neste momento um homem feliz, muuuuuuuito feliz. Porque Marcelo publicamente já assumiu que vai ajudar o actual PM na manutenção deste governo. E nada melhor que um novo PR, acabadinho de eleger, para ajudar à festa esbanjadora de AC.
É agora a vez do PSD e CDS/PP. Estes partidos, pouco ou nada comprometidos com a campanha de Marcelo, acabam hipocritamente por se vangloriarem com uma vitória para a qual nada contribuíram. No CDS a liderança está naturalmente entregue, iniciando-se claramente uma nova era.
Quanto ao maior partido da oposição ainda muita coisa irá acontecer antes que PPC abandone o partido. Para já não se perfilam candidatos, mas o tempo não corre a favor de Passos Coelho. Estamos no tempo de contagem de "espingardas", como soe dizer-se.
Resta falar do Bloco de Esquerda que com a fantástica votação de Marisa Matias poderá obrigar AC a escutar com mais atenção o partido que Catarina Martins lidera. A ver vamos o que nos reserva o futuro próximo.
Os dados estão assim lançados e agora é ver correr os dias. O orçamento necessita rapidamente de ser aprovado, a Troica já chegou e há demasiados problemas para resolver.
Sinceramente não percebo este dia pomposamente denominado de "reflexão". Quem por cá vive há tantos anos como eu (ou mais) não necessita de reflectir em quem vai votar. Já o sabe há muito...
"Mas e os indecisos?" - perguntar-me-ão.
Quanto a estes reservo a mesmíssima opinião. Se tinham dúvidas ontem, têm dúvidas hoje ou amanhã. E este dia não resolve absolutamente nada.
Por isso sinto que não vale a pena impedir o povo de falar sobre os candidatos ou as suas escolhas. Parece-me algo despiciente e a democracia não ganha rigorosamente nada com isso.
Todos os candidatos que se apresentaram na linha de partida para esta espécie de corrida a Belém, tinham a perfeita consciência da prova que iriam realizar. E das limitações (ou não!) que carregavam em cima dos ombros. Deixando somente no povo o direito (e o dever!) de escolher. Como sempre tem feito.
Portanto amanhã, uma vez mais, a democracia volta a acontecer.
... Que inundaram a cidade de Lisboa. Um céu plúmbeo, uma espécie de chuva tão miúda que mais parece pó, uns dias tão negros que não se distingue a manhã da tarde.