Estive mais de uma semana fora de Lisboa. Com muita chuva, demasiado trabalho e até (imaginem no campo!) algum stress. Deste modo descansei da política, das negociações, dos debates e futuras moções.
O mundo fora de Lisboa roda a outra velocidade. Quem é pobre com este governo sê-lo-á com o próximo. seja ele de direita, esquerda, centro ou anarquista.
E acreditem gosto mais deste mundo... Desligado das guerras de interesses, que não beneficiam ninguém!
A vida do campo é dura. Tão dura que à noite o que conta é somente o descanso e a cama!
Porque a política (ainda) não colhe azeitona, nem semeia chão!
Poder-se-á dizer que a campanha deste ano terminou. E muito melhor do que alguma vez supus. Mesmo com a estranha situação de andar a apanhar azeitona com luz artificial... Um petromax!
Temi o pior para a noite. E que tinha a ver com a entrega da colheita ao lagar. Mas a chuva que caiu durante a semana, e que não me impediu de parar, obrigou outros à inércia. Resultado o lagar estava quase vazio e em três horas estava de regresso a casa com o azeite acabado de sair da centrifugadora.
Caso raro, direi!
Hoje dói-me tudo... As costas, as mãos, os ombros e tanto osso e músculo que nem imaginava que existia...
Mais um capítulo que se encerra este ano... Para o ano logo se verá!
Aproxima-se o fim da campanha! Mas ainda falta o pior.
Hoje o dia correu menos mal não obstante a chuva miudinha, quase pó!
A determinada altura nem sabia se a água que me molhava era da chuva ou aquela que tombava das oliveiras...
Mesmo assim correram-se cerca de trinta oliveiras donde se colheram 17 sacos de azeitona. Porém esta começa a perder qualidade especialmente por causa do mau tempo. Nesta altura já devia estar frio... só que (ainda) está demasiado calor para a época.
Os bagos negros começam a cair de tão estragados. A cor de viúva é substituída por uma (horrível) cor castanha.
Todavia nada se pode fazer... é colher, simplesmente.
É por estas e por muitas outras que a vida do campo é tão incerta e tão pouco apelativa.
E amanhã é outro dia. Naturalmente longo! E cansativo!
Se me perguntarem qual o valor por litro do meu azeite deste ano, direi simplesmente: não tem valor.
Hoje teimei. E teimei porque sei que o tempo é escasso e o trabalho muito. Teimei porque não me posso dar ao luxo de ficar mais dias sem fazer nada. Teimei porque antecipadamente me preparara para a intempérie.
Como choveu hoje. Até às quatro da tarde não parou. Ora mais forte, ora mais branda foi todavia incessante. E três alminhas corajosamente a teimarem... teimarem!
Lembro-me a certa altura de torcer os punhos da camisa e a água correr em fio. E bem vistas as coisas o dia nem foi muito produtivo. Apenas 8 sacos...
É dura esta vida campestre. Demasiado dura para quem vive quase sempre na cidade. E daí o cálculo impossível do valor do litro de azeite.
Há coisas para as quais ninguém sabe dar um valor verdadeiro... O azeite deste ano é uma delas!
O cenário do dia anterior mantêve-se. Só que desta vez tive que teimar. Desse por onde desse. O tempo está contado, portanto urge despachar trabalho.
Pequeno almoço tomado e houve que vestir os impermeáveis de forma a molharmo-nos o menos possível. Finalmente carregou-se a carrinha com todos os apetrechos necessários.
Foi preciso coragem, muita coragem para enfrentarmos a manhã chuvosa. A água tombava certinha, fria. As mãos começavam a gelar mesmo com o trabalho. Que correu, ainda assim, menos mal.
A meio da manhã a chuva parou. Breve trégua, pensei. Mas na verdade rapidamente o céu cinzento foi substituúido por uma cor anilada. O sol espreitou com vigor e depressa despi as roupagens impermeáveis.
A azeitona parecia agora cair com mais vontade. E naturalmente veio a hora do almoço!
Curiosamente da parte da tarde o trabalho rendeu menos. Talvez por as últimas oliveiras estarem menos carregadas e algumas necessitaram de serrote. Ainda por cima o céu voltou a carregar-se de cor plúmbea.
Após um sábado com onze sacos eis um dia com dezassete. Nada mau! As minhas previsões para este ano de azeitona falharam... muito! Por defeito!
E assim ficou adiada para amanhã a colheita da azeitona. Porém se voltar a chover, desta vez é para teimar. Aconteça o que acontecer...
Valeu o dia por alguns momentos bem passados com a família. Visitar as minas de água, caminhar por entre erva molhada, encontrar um canito abandonado, sentir o perfume da terra molhada.
E depois a jeropiga saborosa para aquecer os espíritos.
Os últimos dias de José Mourinho em Inglaterra não têm sido fáceis. Todos sabemos como é a crítica da imprensa desportiva em terras de Sua Majestade: mordaz e implacável!
Hoje JM não é o "Happy One" de outrora, nem o "Special One" da sua primeira vez em Inglaterra.
O futebol vive essencialmente de vitórias. Daquelas que levam os adeptos aos estádios e aos píncaros da euforia. No entanto... este ano nada disso parece estar a acontecer para os lados de Stamford Bridge. Um modestíssimo 15º lugar com apenas três vitórias e seis derrotas e ainda dois empates fazem com que o campeão inglês esteja, à décima primeira jornada, a (já???) 14 pontos do lider Manchester City.
Algo impensável há uns meses.
O Chelsea parece, pelo que pude ver, uma equipa modesta do fundo da tabela não obstante ter jogadores de grande valia. Mas será tudo culpa do treinador?
Bom... em futebol quando se ganha, ganham todos, mas quando se perde só um parece ser o culpado. É certo que o diferendo que Mourinho manteve com a médica lusa não o ajudou perante a equipa, deixando-o demasiado refém das suas próprias declarações.
Não imagino qual o futuro próximo de Mourinho, mas a vulgaridade do futebol da sua equipa parece não o ajudar. Veremos o que acontece na próxima jornada da Liga dos Campeões.
Muito se irá decidir nesta semana que ora se inicia.
Hoje foi um dia diferente na aldeia. Dia de Todos os Santos a anteceder o dia dos Fiéis defuntos no qual se homenageiam aqueles que já partiram.
Neste dia é uso ver-se um corrupio de gente no cemitério a enfeitar campas e jazigos, como só hoje os mortos tivessem realmente valor. Como católico que sou deveria achar estes momentos fantásticos ou no mínimo respeitá-los. Todavia, e pelo que me foi dado ver, estas romarias aos cemitérios assemelham-se a uma espécie de festa ou de confartenização.
Se há quem vá ao cemitério imbuído do espírito cristão de relembrar os que já partiram, a maioria não precede assim E é pena. Os nossos defuntos mereciam mais!