Que sentimentos perpassam pelo espírito daqueles pais que acusados, quiçá de prepotentes e ditadores, não deixam os filhos passar um fim-de-semana com amigos junto à praia?
Que sentimentos povoam o coração daqueles pais que, de olhos no mar, aguardam ansiosamente que a mancha azul devolva a terra os corpos dos seus jovens infantes?
Um dos grandes responsáveis pela boa época que o Sporting tem vindo a fazer é, sem margem para dúvida, Leonardo Jardim. Sem retirar um milímetro que seja ao mérito dos atletas, porque são eles que jogam, marcam ou defendem, o treinador madeirense é neste momento a figura de proa desta equipa.
De forma coerente, séria, competente e audaz Jardim tem conseguido colocar os jogadores leoninos a apresentarem um futebol de altíssima qualidade. Dou muitas vezes por mim a perguntar onde estava então o futebol que estes atletas têm mostrado em cada jogo?
Adrien, André Martins, Cédric, Rojo e até Carrillo (se bem com intermitências!!!) têm sido mui agradáveis surpresas. Capel e Patrício são certezas assumidas e todos nós sabemos do seu real valor. Faltam as entradas de William Carvalo e Wilson Eduardo que tornaram-se peças fundamentais neste motor. Quantos aos restantes jogadores, tanto Montero, Jefferson e Maurício assentaram, nesta equipa, que nem uma luva de pelica em mão sedosa.
Mas esta amálgama de jogadores, a maioria deles transitados duma época traumática e para esquecer, foram colocados nas mãos sábias de Leonardo que com arte, sabedoria e paciência tem conseguido moldá-los numa equipa que joga bom futebol, empolga os adeptos e reduz os adversários à sua mais humilde evidência.
Ultimamente fala-se em demasia de eventuais necessidades de jogadores. Mas ao invés de alguns meus amigos sportinguistas, não tenho qualquer receio das entradas, pois caberá sempre ao treinador a eventual convocatória de um atleta e não aos jornalistas ou empresários.
Todavia o que me aflige sinceramente é o próprio Leonardo Jardim. Se o Sporting conseguir, após uma época desastrosa, ficar nos três primeiros lugares e a jogar este futebol, depressa o treinador passará a ser o alvo preferencial de grandes equipas europeias.
É por isso tempo de escudar o contracto de Leonardo Jardim com uma cláusula com muitos zeros, de forma a que Bruno de Carvalho não seja surpreendido. O que não faltam por essa europa fora são clubes a desejarem um treinador como o nosso!
Há quem olhe para o Natal e veja nesta altura mais uma forma de ganhar uns euros.
Outros desejam esta época porque será o único momento do ano em que saboreiam condignamente uma refeição.
A maioria, no entanto, gosta do Natal por causa das prendas. Um corrupio permanente de lojas e mais lojas. E nunca são suficientes…nem lojas nem prendas.
Porque sou naturalmente diferente, prefiro descobrir em cada Natal uma renovada estação de vida.
A empresa onde trabalho decidiu aplicar, a partir do próximo ano, o Novo Acordo Ortográfico (NAO), numa atitude de quem quer ser mais “papista que o Papa”, pois como é sabido há ainda alguns problemas na implementação deste AO, especialmente por parte de alguns países lusófonos e de algumas entidades publicas que não se revêem nesta aberração.
Já escrevi neste espaço, mais que uma vez, que sou claramente contra o AO. E ao contrário do que vou lendo em alguns jornais que optaram por aquele Acordo, continuo a achar que tenho razão nesta minha opção.
Dirão alguns dos que defendem o AO, que sou apenas mais um velho retrógrado teimoso e de mente pouco aberta às novas ideias. Naturalmente que posso aceitar este pensamento, mas a verdade é que aprendi a escrever de uma determinada maneira e não me sinto (nada) confortável a redigir nos novos moldes.
Apercebo-me cada vez mais de um número impensável de erros ortográficos, tanto em mensagens de trabalho, como em comentários nos blogues ou no feicebuque. Por vezes fico tão atónito com o que leio, que chego mesmo a duvidar dos meus conhecimentos de português, porque já não sei onde começa o Acordo e acaba a asneira.
Não sei onde iremos parar com esta aventura lindguística, mas uma coisa tenho a certeza: não me vejo a escrever debaixo das regras do NAO.
A euforia com que eu, como sportinguista, vou vivendo estes dias, contrasta profundamente com a frustração que passava durante o mesmo período, no ano passado.
Clubite à parte, reconheço mérito ao treinador e à restante equipa técnica do Sporting, no actual lugar da classificação. Também é sabido que não joga na Liga Europa e foi prematuramente eliminado da Taça de Portugal, o que justamente retira aos jogadores leoninos muitos quilómetros.
Os adversários directos e indirectos olham para este quase fenómeno leonino e tentam perceber o que se passa para os lados de Alvalade.
Nenhum adepto do Sporting, por mais optimista que fosse, jamais imaginaria, após um ano para esquecer e jamais repetir, que em vésperas do Natal a liderança tivesse caído no “sapatinho” verde.
E a gigantesca diferença entre estes últimos meses e anos anteriores prende-se, acima de tudo, com a forma como a equipa do Sporting aborda os jogos, jogando muito bom futebol e aproveitando-se, naturalmente, dos deslizes dos adversários mais directos.
Num passado demasiado recente, dificilmente o Sporting se aproveitaria de alguns maus resultados de Porto e Benfica. E é aqui, neste preciso instante, que o treinador tem realmente importância e influência. Limpar as mentes de erros anteriores, focá-los no que é realmente primordial e depois… dar-lhes asas!
Há na equipa de futebol do Sporting uma alegria que não via vai para muuuuuuitos anos. Os nossos antagonistas vão desvalorizando, como é natural, este lugar primeiro que o rei Leão ocupa. Mas chamo a atenção que estamos a três jornadas do fim da primeira volta. E ainda haverá um Benfica-Porto…
Diz o povo “Candeia que vai à frente alumia duas vezes”. Não sei se este caso do sucesso repentino e inesperado do Sporting equivale a essa dupla luz. O que já deu para entender é que passámos a ser (novamente!) respeitados pelos nossos mais directos adversários.
A proposta colocada pela plataforma Sapo pareceu-me justicadamente interessante. Neste pressuposto eis-me aqui para de uma forma séria e coerente escrever sobre as minhas leituras deste ano. Curiosamente não tenho o hábito de escrever sobre os livros que vou lendo ou relendo, mas desta vez lá vai ter que ser.
Há sempre uma obra que nos marca para sempre, qual tatuagem. E se não é todos os anos que leio esse livro pelo menos de dois em dois é relido. No meu caso falo da “A Cidade e as Serras” de Eça de Queirós.
Mas obviamente não é desse que quero aqui escrever hoje. Mas de um velho clássico que se tornou para sempre um marco e uma referência. O autor Ernest Hemingway, a obra “Por quem os sinos dobram”.
Este era um daqueles livros sempre adiados na sua leitura. E acreditem ou não, nunca soube porquê! Percebi que necessitava de toda a minha atenção, mas surgiam sempre outros exteriormente mais apelativos. Todavia a maioria deles assemelhava-se à fruta espanhola: muito rica no olhar, pobre no paladar.
Mas quando lhe peguei para finalmente o ler, aquele clássico não me desiludiu. Duro, pesado, mas profundamente humano, foi um gosto lê-lo. E quando encerrei a contracapa só soube pensar o seguinte: “Já não se escreve assim, nem há estórias destas para ler”.
Naturalmente que hoje em dias os interesses da escrita passam por outros temas e o romance tem vindo a perder fulgor. Não é in ler-se um bom romance!
Mas eu que nunca fui muito de modas continuo, pelo contrário, a buscar aquele tipo de escrita para me acompanhar num serão à lareira nestes dias frios de Inverno ou então nas noites cálidas de um Estio saboroso.
Ler é ter connosco uma companhia sempre silenciosa mas omnipresente.
Já estava no dia 5 quando cheguei à paragem do autocarro, que me levaria a casa após as maçudas aulas da noite. Num vão de escada um casal jovem, que eu conhecia de algumas lutas estudantis de cariz esquerdista, parecia festejar qualquer coisa. Despreocupado, tomei o autocarro. Só quando cheguei a casa é que soube o que horas antes havia acontecido. Num acidente (?) de aviação o PM e um ministro, entre outros elementos duma comitiva, haviam falecido.
Fiquei em choque! Não só pelo acidente mas acima de tudo por me lembrar das comemorações do tal casal… Comemorar a morte de alguém, para mim, não era fazer política, era destruí-la.
No fim de semana seguinte havia uma eleição presidencial e Ramalho Eanes ganharia as eleições para o seu segundo mandato a Soares Carneiro, candidato apoiado pelo PSD e CDS. Naquele tempo lia amiúde um semanário e que na altura era uma referência. E se bem me lembro, nesse jornal, após o trágico acidente que vitimou o primeiro-ministro, alguém perguntava “A quem serviu a morte de Sá Carneiro?”.
Esta questão morou comigo todos estes 33 anos, desde essa fatídica noite, e ainda não consigo vislumbrar uma resposta. Nem mesmo as sucessivas comissões de Inquérito conseguiram trazer alguma luz a este caso quanto mais dar resposta à tal questão.
O tempo e os novos políticos têm vindo a encarregar-se de colocar Francisco Sá Carneiro num pedestal que o próprio, se fosse vivo, não aceitaria. A génese que criou o partido PPD em 1974, mais tarde rebatizado em PSD, há muito que desapareceu. Provavelmente por culpa dos políticos do próprio partido que não souberam manter a herança, em termos ideológicos que o malogrado Sá Carneiro deixou.
Já aqui escrevi que o malogrado Primeiro Ministro jamais aceitaria o que a Troika nos impôs neste últimos anos e provavelmente jamais escolheria parte do actual elenco governativo. Porque Sá Carneiro sabia o que queria para Portugal e para os portugueses.