A fotografia de um burro transmontano teve na edição de hoje no “International New York Times” (versão europeia), honras de primeira página.
Num artigo assinado por Raphael Minder (do qual só li a o que estava na primeira página), o autor tenta fazer diversas comparações entre a quase extinção da população asinina e os poucos habitantes locais. Em tempos aqueles animais ajudaram os agricultores na lavoura diária. Com subsídios europeus os burros foram substituídos por tractores, passando a fazer parte dos animais em via de extinção.
Tudo o que li já é por todos nós infelizmente demasiado sabido e reconhecido.
Todavia não gostei da comparação! Porque detesto que comparem burros com os políticos portugueses. Aqueles são muuuuuuuuito mais espertos!
Durante perto de meio século, Portugal viveu debaixo de uma ditadura que nos deixou “orgulhosamente sós” perante a Europa e o restante Mundo. O país não evoluía, não saía de um marasmo triste e bacoco mesmo com a estúpida opção de aceitar uma guerra colonial que estava, desde a sua génese, destinada ao fracasso. Nesse tempo os nossos políticos não souberam alertar convenientemente Salazar para os perigos desse isolamento. Conta-se mesmo que certa vez alguém muito próximo do antigo “Presidente do Conselho” falou-lhe em democracia para Portugal e ao que Salazar terá respondido: “A democracia é boa para os povos do norte da Europa que são organizados e disciplinados, não para os portugueses!”. Seja como for quando se deu a “Revolução dos Cravos”, Portugal era um país profundamente pobre mas honrado, assaz atrasado em relação à restante Europa, para onde apenas exportava mão-de-obra barata mas sem qualificação (grande parte dos homens fugiam à guerra colonial!). Com a chegada da dita democracia, que Salazar não concebia para Portugal, o país saltou do oito para o oitenta. De um ápice deixou-se de pensar nos deveres e apenas nos direitos. Passou-se de um país amordaçado por uma polícia política com cariz nazi para uma liberdade histericamente ensurdecedora. Os partidos políticos da altura ampliavam e de que maneira aquele ruído de a tudo se ter direito, não olhando a quaisquer custos. Assente no tema dos três dês – descolonizar, democratizar e desenvolver – que saiu do 25 de Abril, surgiu um grupo de políticos que avidamente tomaram este país de assalto. Em breve devolveram as colónias aos seus naturais – com profundos custos para Portugal -, consolidaram a democracia muito à custa dos militares e finalmente entregaram à Europa a possibilidade de desenvolver este país. E partir daqui tudo foi permitido: dar reformas a quem nunca havia descontado, aumentar exponencialmente os ordenados dos trabalhadores sem que estes criassem riqueza na mesma quantidade, construíram-se infraestruturas, sem se perceber muito bem como se iria pagar. A entrada na União Europeia e no Euro, colocou-nos num patamar de exigência para o qual não estávamos de todo preparados. E expressão duma Europa a duas velocidades só passou a fazer realmente sentido desde que entrámos no Mercado Comum. Só que a crise financeira iniciada em 2008 nos Estados Unidos, veio finalmente por a nu a nossa fragilidade na política orçamental, plasmando-se nas actuais políticas restritivas impostas pela troika. Portugal não criava nem cria riqueza para a despesa que ainda apresenta. Os mercados internacionais foram-nos valendo até rebentarem as bolhas especulativas. E aí… foi o caos! Em jeito de conclusão direi que nos últimos 90 anos da história de Portugal se viveu entre duas ditaduras: a primeira encabeçada por homem teimoso, austero mas sério; a segunda titulada por uma democracia incompetente, pueril e profundamente desonesta.
Pela primeira vez em 34 anos de trabalho não recebi subsídio de Natal. Ou melhor, não o recebi todo junto como era uso. Porque a opção de aquele ser repartido pelos doze meses deste ano não fez crescer mensalmente o meu pecúlio financeiro.
E assim olho para o próximo Natal de forma diferente do que sempre foi, até aqui.
Gostava da azáfama das prendas, do que escolher para os filhos ou para os sobrinhos, para o pai ou para o afilhado, para a minha mulher ou a mãe. Dilemas diversos mas que sabiam bem.
Este ano “alguém” me tirou esse prazer, esse gosto. Não quero aqui acusar rigorosamente seja quem for desta minha tristeza, mas que ela invadiu estes últimos dias é bem verdade!
Sei de antemão que neste preciso momento há muitas (demasiadas!) famílias que nem dinheiro têm para os bens essenciais, quanto mais para prendas. Serei quiçá egoísta em pensar desta forma, admito!
Só que este meu pequeno prazer de poder dar, oferecer, brindar família e amigos com pequenas alegrias foi inibido pura e simplesmente por decreto.
No fundo, no fundo deixei de ser dono da minha própria vida. Não será esta nova filosofia imposta por quem não conheço uma nova forma de ditadura?
Trinta e seis anos depois a pergunta impõe-se: terá valido a pena?
A resposta, porém, não é fácil mas quero acreditar que sim!
A escrita não é o meu modo de vida mas o meu modo de estar e de ser. Há 36 anos era um jovem de óculos altamente graduados, pouco sagaz e convencido que mudava o mundo.
Hoje, decorrida esta trintena de anos, tenho a consciência que errei muitas vezes (provavelmente mais do que devia), mas posso morrer amanhã pois deixo aos meus herdeiros um pequeno património escrito. Nada de valor é certo, mas ainda assim algo que é, no fim de contas, um reflexo do que foi, é e será a minha vida. Jamais me considerei escritor, poeta, cronista e muito menos jornalista. E nunca fui muito bom em nenhuma destas disciplinas.
Continuarei, todavia, a escrever… Mesmo que a mão me doa!
Parece ser um sucesso além fronteiras a forma com o jornalista da Antena 1 relatou os golos de Ronaldo. O Daily Mail assim o reconhece. Eis a peça: http://www.dailymail.co.uk/sport/football/article-2510481/Epic-radio-commentary-Cristiano-Ronaldos-hat-trick-internet-hit.html
A vida tem destas coisas. Imaginemos que Portugal se apurava directamente sem ter de passar pelo “play-off”… Hoje seria apenas mais um dia normal de quarta-feira fria e sem (muito) interesse.
Mas a selecção gosta de apimentar a nossa vida. E assim displicente e anafada durante a campanha normal e que a levou a mais estes dois jogos, a equipa portuguesa encheu-se finalmente de brios, vestiu o fato de macaco arregaçou as mangas e trabalhou para ser feliz.
Porém muito se há-de falar e escrever nestes próximos dias sobre a “ronaldodependência” da selecção lusa. Um caso de futuro estudo sociológico, estou certo! Porém nada disto teria tanto valor assim se um tal de Blatter não tivesse publicamente auto-ridicularizado com a (má!) demonstração do “comandante” Ronaldo. E mais uma vez se prova que estes dirigentes desportivos, reféns de selecções e países, não percebem nada de futebol nem dos seus artistas. É sobejamente conhecido como Ronaldo gosta de ser apupado, para retirar do fundo de si mesmo ou dos seus pés jogadas mirabolantes e golos fantásticos. E o actual presidente da FIFA, ao colocar-se a jeito com a s suas patéticas declarações, só deu azo a que CR7 respondesse em campo, duma forma que não deixou dúvidas a ninguém.
Hoje Blatter deve ter acordado com uma terrível dor de cabeça, fruto de uma bebedeira de golos de Ronaldo e que a noite (ainda) não ajudou a digerir.
Finalmente a estreia de mais um português na selecção. Creio que a primeira de muitas… William Carvalho mostrou estar ao nível dos seus companheiros e, curiosamente ou não, foi já com este jogador em campo que Portugal deu a volta ao marcador.
E repetindo a história antiga, lá vai mais um punhado de portugueses “achar” terras de Vera Cruz!
Não é que eu não seja patriota, mas preferia que Portugal não fosse ao Brasil. Podia ser que alguém, neste país, finalmente com tino e dois dedos de testa colocasse os nossos dirigentes federativos e da liga numa modesta casa na bela cidade russa de Yakutsk. Refrescariam certamente as cabeças “louras” de tão más decisões.
Portugal vive estas coisas da selecção nacional duma forma demasiado emotiva para o meu gosto. Se se ganha somos os maiores do mundo e arredores. Mas se perdemos há que municiar a nossa mente de culpados. E cada um, derivando da sua cor clubística, vai arquitectando culpados, quase sempre nos jogadores das equipas adversárias ou nas (más) escolhas do seleccionador. Sempre foi assim e sempre o será!
Nunca, jamais, em tempo algum – passe a redundância – houve um dirigente que se demitisse pelos maus resultados da equipa de todos nós. Ser dirigente desportivo é pertencer a uma casta de gente pouco fiável e demasiado refém dos interesses das suas Associações e obviamente dos seus clubes e portanto inquestionáveis nos seus “poleiros” dourados.
O futebol é neste momento uma indústria que movimenta números com demasiados zeros. E se por sorte ou ironia do destino, alguém consegue colocar as mãos neste imenso bolo, é certo que elas não vêem imaculadas.
Mas regressando ao início deste post era bom que Portugal ficasse pelo caminho. Era só poupar. Não havia prémios, os jogadores regressavam aos seus países de trabalho e dedicavam-se de alma e coração aos torneios, em que os clubes que representam, estão integrados.
Não se perdia tempo a ver o futebol no Brasil a horas impróprias aumentando a produção nacional.
Há uns meses fui apanhado na rua. Sem que nada o fizesse prever eis-me na televisão a participar num concurso.
Meses mais tarde o programa é emitido e eu passei a ser "vítima" desses acontecimentos televisionados por familiares e centenas de amigos e conhecidos.
Só que até hoje não tivera a coragem de me ver no grande ecran. Quiçá uma pequena cobardia ou a consciência assumida de como fico mal do outro lado da tv...
Mas esta noite, no silêncio do lar, dei por mim assim de repente a ver o programa que o site disponibiliza.
E continuo com a mesma ideia. Não tenho ar de artista nem de pivot.
Há já algum tempo ouvi uma estória, a requerer, todavia, confirmação mas tomando em conta o local onde terá acontecido, acredito plenamente que tal tenha acontecido. Eis o episódio:
Numa certa aldeia dinamarquesa os seus habitantes descobriram que um dos seus elementos fugira, durante anos ao fisco, deixando de pagar os impostos que lhe competia. Duma forma civilizada os aldeões pura e simplesmente votaram ao ostracismo o seu conterrâneo.
Este caso jamais se passaria em Portugal, pois neste país quem engana o Estado é considerado um cidadão com valor. O problema é que o exemplo vem de cima, isto é, do próprio Estado que não cumpre devidamente com o acordado.
Recorro a este tema porque sinto que muitos de nós estamos a ser enganados, não só pelo governo, mas pelos próprios portugueses.
Sempre que oiço a palavra solidariedade, eriçam-se os pêlos todos. Custa-me entender como há gente capaz de viver debaixo da capa da tal palavra solidariedade sem nunca fazerem um esforço que seja, para sair desse marasmo social.
Sei que o desemprego tem assolado demasiadas famílias. Que há pessoas a passarem muito mal os seus dias. Crianças a irem para a escola sem uma refeição. Sei tudo isso e sinto que poderia fazer um pouco mais por alguns deles.
Mas infelizmente há quem se aproveite deste estado de coisas e nem pretenda trabalhar mesmo que haja que fazer. Quem prefira o dia esfomeado mas ocioso. Há quem se sinta bem na pele de pobre e desgraçado.
E é por estes casos que a palavra solidariedade perde todo o seu valor.
A presença da troika em Portugal transformou profundamente este país. Tudo o que durante anos foi considerado como certo e imutável, num ápice deixou de o ser. Seja emprego, reforma, direitos adquiriddos… tudo se desvaneceu!
E de tal forma as alterações são tão evidentes que até o nosso sistema de pesagem foi alterado.
Acabadinho de chegar da Beira Baixa, onde durante sete longuíssimos dias me transformei em olivicultor, tentei com algum êxito derrubar azeitona suficiente para obter azeite para um ano de gastos.
Foi por isso que corri quase todas as oliveiras donde, em muitas delas, retirava somente uma mão cheia de negros ou verdes bagos. Isto é: aproveitei tudo!
Desta forma o grama, arroba, tonelada ou quintal foram substituídos por medidas mais “humanas” e representativas da nossa crise.
Tomemos então como exemplo a dita azeitona. Antigamente quando os homens se encontravam, beberricando copos de água-pé ou de aguardente estimulante, e falavam das suas apanhas diárias, observavam com natural vaidade:
- Hoje foram quinhentos quilos em duas horas.
Quem quisesse acreditava, os outros riam-se.
Actualmente tudo mudou. E assim, passámos a ter:
A MÃO CHEIA
Pouco mais de uma dúzia de bagos negros para ajudar a encher a medida seguinte.
O BOLSO
Espaço mais largo com capacidade para duas ou mais mãos cheias, dependendo do tamanho.
O BONÉ
Um espaço relativamente mais amplo com um volume (muito) mais simpático.
O BALDE
Um recipiente com um espaço já apreciável onde cabem diversos BONÉS.
A MANTA
Local espaçoso com grande capacidade de recolher azeitona. O seu peso varia da sua superfície mas é uma alegria ter uma mante repleta de azeitona.
Estas serão assim as novas medidas impostas pela Troika. Apenas não se sabe até quando!