Dizia o meu avô, homem pouco letrado mas de imensa sabedoria, que o “calado vence sempre”. Durante anos a fio não entendi o que pretendia dizer com aquela máxima. E se até hoje não tivesse percebido as suas palavras, as controversas declarações do Presidente da FIFA hoje apresentadas serviam de perfeito exemplo.
Mais do que brincar com Ronaldo e idolatrar Messi, o actual Presidente da mais importante organização futebolística do Mundo, acabou involuntariamente por derrotar o jogador do Barcelona num próximo duelo para “Melhor do Mundo”.
Blatter ficou refém das suas próprias palavras. E nem mesmo o pedido de desculpas que a seguir apresentou publicamente consegue limpar a face.
E muito provavelmente, na altura de se escolher o melhor jogador do Mundo, muitos dos votantes desviarão o seu voto para outros jogadores que não Messi, pois não pretendem ficar ligados às declarações e preferências de Joseph Blatter.
Polémicas à parte CR7 acabou hoje por marcar mais três golos pelo Real Madrid, numa vitória da equipa merengue por 7-3 contra o Sevilha europeu, exibindo assim ao mundo porque é um dos melhores, se não mesmo o melhor!
E eu, que nunca gostei por aí além deste jogador, rendo-me à natural evidência!
Recebo com frequência nos meus mails uma quantidade de textos, slides e ligações a blogues ou notícias, dando conta de um grupo de homens e mulheres que não passam de uns burros chapados e idiotas empedernidos e a quem dão o nome de portugueses. Claro está que os únicos lusos inteligentes e esclarecidos são aqueles que escrevem e divulgam tais barbaridades.
Fico obviamente admirado com aquilo que escrevem maldizendo este pobre povo. Um povo que dividiu com a Espanha o mundo ao meio, que achou o Brasil, que encontrou uma forma mais rápida de chegar à Índia, que não fosse por terra, que levou as espingardas ao Japão, que expulsou as tropas napoleónicas. Enfim coisas… corriqueiras da nossa história!
Este povo que agora é tão criticado por ter votado neste governo é o mesmo que no 25 de abril veio para a rua gritar vivas à liberdade, que encheu as estradas no 1º de Maio livre, que aceitou milhares de retornados após negociações ruinosas com as ex-colónias. Este povo burro foi o mesmo que votou em Ramalho Eanes para primeiro presidente eleito democraticamente e em Sampaio, votou em Soares e em Cavaco também para o mais alto cargo da nação. Este povo lorpa foi o mêsmo que elegeu Soares para PM ou Durão Barroso, que deu duas maiorias absolutas a Cavaco Silva e uma a José Sócrates. Que elegeu Guterres e Passos Coelho.
Este povo tão imbecil é o mesmo que votou através de referendo a favor da descriminalização do aborto e disse não à regionalização. Foi também este povo que veio para a rua apoiar a luta timorense contra a Indonésia ditatorial.
Pois é… parece então que este povo não é tão burro assim! Apenas alguns iluminados é que ainda não entenderam isso!
Foi ontem lançado o novo álbum de BD, com mais uma aventura de Astérix. A espectativa criada à sua volta foi imensa, para uma história que, infelizmente, não mostrou estar ao nível de aventuras anteriores, especialmente daquelas em que Goscinny teve a responsabilidade dos textos. Torna-se assim ainda mais óbvio que, após a morte de René, dificilmente os diálogos ganharão a qualidade e o fulgor incutidos pelo argumentista.
Desta vez a aventura decorre na Escócia, para onde Astérix e Obélix partem, levando consigo numa barca um natural da terra dos Pictos.
Devorei a noite passada a versão portuguesa e neste pressuposto não sei até que ponto a tradução consegue ser fiel ao texto original. Porém o que li achei no mínimo estranho e como direi… pobre.
Quem, como eu, lê as aventuras de Astérix para mais de quarenta anos é natural que me tenha habituado aos nomes das diversas personagens: Ordalfabétix, Cetautomatix, Bonemine e outros. Todavia os tradutores acharam por bem “aportuguesar” aqueles nomes gauleses. E como ficaram mal… muito mal.
A nova dupla Ferri/Conrad não conseguiu dar nova vida a Astérix e seus amigos. Os desenhos são fiéis, todavia a história é no limite um clichê já visto e usado em episódios anteriores.
E é uma pena! Faltou claramente originalidade e arrojo.
Vai ser mais um livro que ali vai ficar na estante sem ser relido. Uma aposta perdida pela editora.
A proximidade da próxima jornada com um clássico Porto-Sporting, o jogo que vi ontem e a força psicológica que Jardim tem colocado nas cabeças dos jogadores do Sporting fazem prever um desafio muito interessante.
Mas vamos por partes…
Em primeiro lugar é de salientar a postura dos jogadores leoninos, ao afirmarem que jogam sempre para ganhar. É este tipo de discurso que devem manter, independentemente do adversário. E o Porto não é mais nem menos que o Alba.
Segundo e por aquilo que pude ler hoje, Leonardo Jardim não vai fazer grandes alterações na equipa, seguindo aquela velha máxima: “em equipa que ganha não se mexe!”. Temos assim um Sporting preparado para um rigoroso teste, não só à sua filosofia de jogo, mas claramente à força psicológica que o treinador madeirense tem tentado impor aos seus comandados.
O jogo de ontem à noite no Dragão mostrou um Porto… como sói dizer-se “poucochinho”. É certo que a expulsão do mexicano Herrera, logo aos seis minutos, condicionou e muito a equipa. Mas o Porto devia ter pergaminhos para levar de vencida a equipa russa. Face ao caudal ofensivo do Zenit, quase parecia que o Porto estava a jogar… em S. Petersburgo.
Em jeito de conclusão, o Sporting vai ter pela frente uma equipa profundamente ferida no seu orgulho e ansiosa em reverter as exibições menos conseguidas. O exigente tribunal de adeptos do Dragão, que não está habituado a tamanho sofrimento, pode em face do jogo jogado, cair na armadilha de assobiar os seus jogadores, o que levará a um maior nervosismo portista, que deverá ser aproveitado pelos jogadores leoninos para arrancar um resultado (muito) positivo.
Uma das minhas paixões de leitura é sem qualquer dúvida a Banda Desenhada.
Teria talvez pouco mais de meia dúzia de anos quando o meu pai me ofereceu o meu primeiro livro da 9ªarte. O álbum tinha como herói o Lucky Luke e entitulava-se "Fora da Lei".
Com este livro abriu-se em mim uma espécie de caixa de Pandora para a Banda Desenhada. Rapidamente passei para o "Tintin" muito por força dos próprios fascículos. Devorei também toneladas de Mundo de Aventuras e outras publicações do género. Até que um dia, descobri... Astérix.
Um herói à minha medida. Acompanhado do seu fiel amigo Obélix e do canino Ideiafix, mais tarde, as aventuras do irredutível Gaulês, tem-me acompanhado pela vida fora. A morte prematura em 1977 de Goscinny, que contava 51 anos, trouxe aos diálogos um orfandade jamais recuperada, não obstante as diversas tentativas para repor aquele humor quase perfeito, que o escritor francês conseguiu impor.
No próximo dia 24 de Outubro será mundialmente lançado a mais recente aventura do gaulês de longos bigodes. Astérix entre os Pictos tem como epicentro da história a velha Escócia, mas pouco ou quase nada mais se sabe sobre este último livro.
Os textos são da autoria de Jean-Yves Ferry enquanto os desenhos passaram pela mão de Didier Conrad. Uma nova dupla que sob o olhar sempre atento de Uderzo, tentam fazer renascer talvez dos grandes heróis de Banda Desenhada. Uma aposta assaz complicada tendo em conta os níveis que Astérix alcançou. E não se pense que o irredutível gaulês é uma persionagem apenas para crianças. Longe disso!
Por isso sinto uma inabitual euforia em véspera do lançamento mundial.
E pasme-se até deixei de crer na Selecção Nacional.
Durante os anos setenta, Paco Bandeira cantava uma canção em que a determinada altura dizia “não acredito não/em quem me promete o céu/ sem poder dar o chão.”
Curiosamente já naquele tempo o povo se sentia triste e vilipendiado pelos políticos e governantes. Entre estes podemos encontrar o antigo PM e mais tarde PR Dr. Mário Soares, hoje tão crítico das actuais políticas. Terá razão no que afirma, porém calculo que se esqueceu do que fez ou mandou fazer, enquanto liderava Portugal. Tal como Jorge Sampaio, que duma forma, quiçá mais comedida, aproveitou também para lançar achas para uma fogueira que já consome demasiado combustível humano.
Enfim o futuro deste país está irremediavelmente hipotecado por imensos erros de 30 anos de (más) governações.
A tristeza que me assola não representa obviamente apenas o meu sentir, mas de muitos e ilustres desconhecidos lusos. Especialmente daqueles que descontaram toda uma vida e agora nem têm direito ao retorno merecido.