O dia seguinte do Pai-Natal
Chegou cansado no fim do dia 25 de Dezembro. Trazia os pés encharcados da neve e já lhe doíam as costas dos pesos dos sacos. Saltitara de chaminé em chaminé dando cumprimento aos que as crianças lhe haviam solicitado durante o último ano: um comboio aqui, uns patins acolá, um jogo noutro lado.
Mas após um dia atarefadíssimo só lhe apetecia agora repousar, descalçar as pesadas botas pretas que já lhe magoavam os pés, despir o casaco vermelho - ai como ele se lembrava do seu antigo fato azul celeste... e recostar-se no muito surrado "fauteuil".
Bem vistas as coisas a sua idade era já avançada, as renas também sentiam o peso da idade, provavelmente mais que as carradas de presentes e portanto era tempo de solicitar a reforma.
Mas o pior que o cansaço eram os estranhos pedidos que as crianças começavam a exigir e ele sem poder responder: quero o meu pai em casa outra vez pedia uma menina de 6 anos; o meu pai e minha mãe partiram para o Ceu, trá-los de volta solicitava uma criança do outro lado do mundo; outra ainda desejava que a mãe gostasse mais dela do que do novo namorado...
A estes pedidos o Pai-Natal nem sabia que responder. Era algo que ele não podia buscar no seu armazém constantemente actualizado.
Por isso a reforma era um pensamento cada vez mais presente.
E depois que irias fazer? Perguntou a si próprio. E quem é que te substituiría?
As questões ficaram no ar, sem resposta...
O Pai-Natal naquele seu primeiro dia após o Natal, não tinha muito que fazer, mas tinha muito que pensar...