Em vésperas de 25 de Abril
No próximo domingo comemora-se mais um aniversário do 25 de Abril de 1974.
Passados 36 anos relembro agora aquela quinta-feira cinzenta. Mnhã cedo o meu pai, militar de profissão,entroude supetão em casa e príbiu-me de ir à escola. Na rádio passavam comunicados lidos pelo Luís Filipe Costa.
Nos dias seguintes assegurada o exito da revolução era tempo de voltarmos à normalidade da escola. Só que esta já não era a mesma. Tudo estava alterado. A postura dos professores e a dos alunos, dos contínuos e dos serventes.
Lembro-me das semanas seguintes as palavras de ordem surgiam como cogumelos e eram gritadas a plenos pulmões na rua.
O povo libertava-se daquilo que julgava ser um jugo eterno.
A guerra de África acabaria e os países entregues à sua sorte.
No dia 25 de Abril nasceu a liberdade de dizer o que se pensava, o que borbulhava na alma.
Mas anos passados ocorreu-me uma pergunta: será que o país estava preparado para ouvir o que cada um dizia?
Hoje mais do que nunca reconheço que o Golpe de Estado era necessário. Mas os custos da irresponsabilidade que quem o fez sem prever as verdadeiras consequências fez de nós Portugal um país sem sentido de Estado.
Estamos cada vez mais centrados no nosso próprio umbigo. E assobiamos para o lado quando somos chamados a intervir de uma forma mais vincada.
Portugal é hoje um país quase à beira de uma banca-rota, mas repleto de alma para ajudar os outros.
Até quando?