Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

LadosAB

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Portugal e a crise

Após um Carnaval bem soalheiro, regressámos ao convívio das tristezas e amarguras.

O nosso país continua a mergulhar numa crise profundíssima sem fim à vista. O PM desfaz-se em elogios quando quer referir a sua política. Critica toda a oposição e mantém este rectângulo a navegar à deriva neste mar de crises todos os dias atiradas à rua, tomando o povo com tolo ou parvo, no mínimo.

Para ajudar à festa o caso Freeport só veio lançar mais lenha para uma fogueira já acerrimamente ateada. Não basta ao PM ser sério tem de o parecer. E os últimos acontecimentos não parecem trazer boas notícias para a família de Sócrates.

Todos nós vivemos o dia a dia de favores: a consulta do médico (cuidadosamente antecipada por um amigo), aquele pedido de emprego para o filho a um velho conhecido, o projecto da moradia que nunca mais sai (conheces alguém na Câmara que dê uma mãozinha?).

Pois só assim é que este país anda. É uma pena mas não se pode fazer nada. Ou melhor poder pode. Só que demora anos... demasiados para as necessidades.

A confiança nos bancos nunca viveu níveis tão baixos. Já ninguém acredita em nenhuma instituição bancária o que quase paralisa o país.


Somos enfim um povo geralmente pessimista mas agora há ´graves razões para isso.

Infelizmente.

Já agora quando é que vamos de férias?



50 anos

Este é o meu primeiro texto com 50 anos de idade. Já cá cheguei, alguns amigos infelizmente ficaram pelo caminho. Diferenças? Só dos números. De resto está tudo igual.
Mas é bom chegar a esta idade. Quando fiz 25 dei uma festa para os meus amigos. Hoje reduzo-me à família e pouco mais.
Há quem diga simpaticamente que não pareço ter a idade que tenho mas o marialva do BI não me deixa mentir. O que é uma chatice. As cãs surgem silenciosas e vão ficando. É o preço da idade...
50 anos, cinquenta aventuras. Umas felizes outras nem por isso, mas a vida é mesmo assim. E se perguntarem se há alguma coisa já vivida que me tenha arrependido de ter feito respondo como alguém disse algures:
- Só me arrependo do que não fiz.
Tudo o resto já passado é isso mesmo: passado. Este maila a morte são das poucas coisas imutáveis.
Ando agora aqui à deriva em busca das melhores palavras para escrever este meu primeiro texto. Quero lá saber! Com esta idade já tenho direito a não ter medo de dizer (leia-se escrever) o que penso, a não ter vergonha do que fiz, a amar como quero e gosto e acima de tudo a ter direito de escolher.
Finalmente aos 50 anos só me falta uma coisa para me sentir realizado interiormente. Publicar um livro.
Pode ser que aos 60 (se lá chegar) já escreva para uma editora. Até lá...
Hoje dia 26 de Fevereiro, dia dos meus 50 anos... foi isto que me coube dizer.

Ontem ao fim da tarde

Ontem ao fim da tarde...

...fui ao lançamento do novo livro de José Couto Nogueira. Cheguei atrasado e por isso encontrei a sala repleta, como nunca tinha visto noutros eventos semelhantes.

Ainda ouvi algumas palavras do José agradecendo a presença de tanta gente. Agora só falta ler o livro. E depois eventualmente opinar.

Mas foi bom este fim de tarde. Reencontrei alguns amigo(a)s que já não via há muito tempo. A Paula Azevedo (como está esbelta a jovem!!!), a Maria João com a costumada generosidade, a Joana e tantos outros que comigo participaram em diversos cursos no El Corte Inglês. E claro revi a Susana Santos, bonita e sempre simpática.

Beberriquei um Porto Branco, dois dedos de conversa com o editor da Porto Editora, despedi-me dos amigos e parti.

Hoje sinto saudades dos momentos que ali passei ouvindo o JCN, o José Fanha o Professor Luís Carmelo. Momentos inesquecíveis.

Ontem ao fim da tarde...

Encontros imediatos



Já nada me surpreende neste nosso mundo. Ontem fui a um hipermercado fazer compras. A noite parecia amena. Estacionei o carro, fechei as portas quando de repente um homem me aborda mais ao meu filho e nos pede 90 cêntimos para comprar um litro de gasolina, para poder chegar a casa. O meu rapaz deu-lhe quarenta cêntimos e eu os cinquenta que faltavam para a quantia desejada. Com o dinheiro na mão lá partiu em passo apressado.

No entanto enquanto empurrávamos dois carros para compras o meu junior, perguntou-me:

- Achas que foi peta? - referindo-se aos momentos vividos instantes antes.

Encolhi os ombros e respondi:

- Não sei o que te dizer... Pode ser verdadeiro ou não...

Entretanto desviada dos acontecimentos a minha mulher reparava que o mesmo homem

tentava que eu não o visse enquanto eu caminhava para a entrada do estabelecimeneto. Assim que deixei de o poder ver, o mesmo desceu a escadas regressou ao ataque a outros inocentes.

É por estas e por outras que eu nunca dou esmola. Este foi um caso muito rápido mas fiquei ainda assim desconfiado. E pelos vistos com razão...

Uma estória verdadeira!

A professora de Alemão

Nunca fui bom aluno. O tempo que passei na escola foi essencialmente usado para me divertir. Livros nunca, viola sempre!

Naquele tempo o último ano antes da universidade era o sétimo, correspondente ao 11º actual. Com seis disciplinas apenas, três eram obrigatórias para todos os cursos, as restantes definiam a área de opção. Assim, optei por línguas que era de todos o mais fácil. Supostamente.

Porém a minha invariável cabulice obrigou-me a frequentar este derradeiro ano por três vezes consecutivas. No primeiro ano fiz uma disciplina, no segundo fiz uma outra e finalmente no terceiro dispensei do exame a mais uma disciplina, deixando as outras “meninas” para os exames finais.

E é aqui que tudo começa na realidade.

No início desse ano lectivo por alturas de 1978, surgi com uma nota de fim de período de 10 valores a Alemão (que raio de cadeira haveria eu de ter escolhido). Mas a seguir as notas desceram drasticamente para as negativas. A professora simpática e bonita, porém casada, aconselhou-me a anular a matrícula para que eu pudesse propor-me a exame nacional como aluno externo. O pior é que eu tinha que pedir ao meu pai para assinar os papéis e isso estava claramente fora de questão. Não pretendia de forma alguma que o meu antecessor tomasse conhecimento da minha situação. Sem anulação a professora foi obrigada a dar nota: um 8.

Resultado: teria que ter um 11 no terceiro período para ir a exame. Porém as notas mantiveram a sua sofrível qualidade e acabei o ano com o credo na boca. A dúvida era saber se a professora condescendia da minha situação e me daria a nota para ir a exame…

… E assim fez. Sem que eu o merecesse lá vi especado na pauta o 11 que me colocava na sala de exame. Nas vésperas do teste escrito agarrei-me aos livros e tentei estudar tudo o que era possível numa língua extremamente complicada. Fui para o exame ciente que seria uma questão de sorte. Mal imaginava...

Na sala repleta encontravam-se dois professores que distribuíram os exames. Porém, um deles tinha sido o meu professor de ginástica e tinha com ele uma relação de grande amizade. Curiosamente este mestre licenciara-se na… imaginem: República Democrática Alemã. Isto queria apenas dizer que ele sabia Alemão duma forma perfeita. E assim durante todo o exame, sempre que passava por mim ia-me dando uns palpites naquilo que eu esgalhava, ajudando-me a evitar erros mais profundos.

Dias depois pude ver com espanto na pauta de exame um 10 que era suficiente para ir à oral. Se bem que não dominasse a língua como precisaria, o diálogo poderia ser mais fácil.

Era um daqueles dias de calor intenso, que só apetecia estar na praia e eu ali à espera que uma daquelas professoras chamasse pelo meu nome para me examinar oralmente. Uma delas era a professora Genoveva de alcunha Viúva Alegre, de ar austero, voz tenebrosa e implacável. A outra era a simpática da professora que me levara a exame. Espantada por ali me ver, num pequeno intervalo perguntou-me:

- Como conseguiste um 10 para vir à oral? Isso é que foi estudar, hem!

- Pois foi. Mas também tive ajudas… – confessei.

Ficou a pensar que me referia a ela pela nota do final de período, enquanto eu evocava o professor no dia do exame.

Mas esta história tinha que ter outras envolvências. As professoras iam alternando as orais, ora fazia uma ora fazia outra. Sentado no meio da sala e olhando para os que estavam à minha frente para serem examinados apercebi-me que seria a minha professora a fazer a oral. Aí a esperança renasceu. Havia um senão: faltava um aluno.

Ora se ele chegasse entretanto tudo voltaria ao normal, se não eu saltaria um lugar e teria que enfrentar a megera da Genoveva.

Alegria, o ausente chegou por fim. Tristeza, pediu para fazer oral no dia seguinte.

Regressava o inferno ao meu pensamento. Finalmente:

- José… - nem deixei acabar de dizer o meu nome. Sentei-me à sua frente pronto para o confronto que se adivinhava desigual. Olhei-a calmamente qual condenado à morte.

Eis senão quando a minha professora segredou qualquer coisa ao ouvido e começou ela a fazer perguntas. Em Alemão, claro!

E eu a responder como podia e sabia.

Mais perguntas.

Novas respostas.

Por fim mandou-me regressar ao meu lugar. Ciente que não tinha realizado uma prova por aí além, ainda assim acreditei que passaria no exame.

Fiquei aprovado com 10.

Nunca mais vi a professora e jamais lhe agradeci como deveria ser. Fica aqui publicamente o meu agradecimento a essa senhora. Não fosse ela sei lá onde estaria agora…

Obrigado!

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

O meu livro

Os Contos de Natal

2021
2022

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D