Este país não é para velhos!
Caso 1Há uns anos uma idosa esperava numa paragem por um autocarro que jamais aparecia. Ultrapassando detalhes, acabei por levar a senhora no meu carro aos Bombeiros, onde iria tomar uma injeção. Como não tive coragem de a abandonar coloquei-a em casa, onde vivia com um marido entrevado havia anos. Família? Não tinha!
Caso 2
No Hospital de Santa Maria uma idosa foi deixada manhã cedo para uma consulta. Após ter sido consultada descobriu que a carrinha que a levara ao Hospital só a iria recolher pelas cinco horas da tarde. Até lá teria de aguardar. Era meio-dia! Família? Uma filha que não via havia tempos. Ofereci-me, após a minha consulta, para a levar a casa. Porém teria de esperar que eu fosse também consultado. Não esperou, desapareceu entre a multidão.
Caso 3
Uma amiga octogenária caiu no chão de uma grande superfície e acabou no hospital com o diagnóstico de bacia fracturada. Ficou naturalmente acamada durante semanas. Viúva, mãe de uma filha também ela doente, esta minha amiga passou a viver do que a filha ainda assim ia preparando, sempre de má vontade. Acabámos por ser eu e a minha mulher a valer à senhora idosa: Visita a um Ortopedista por causa da bacia, a uma médica dentista devido a um abcesso e um número indeterminado de situações que exigiram a nossa presença e apoio.
Resumindo fica a questão para quem quiser ou souber responder: perceber quantos idosos se encontram nas mesmas (ou piores) situações aqui relatados, isto é, votados ao profundo abandono?
E não me respondam com a desculpa esfarrapada de que a crise é que é mãe de todos os males!
Essa já não pega…