Um governo à deriva
Quando há dois anos o actual governo tomou posse, e tendo em conta que alguns dos elementos do elenco surgiam como caras novas, calculei que teríamos uma equipa diferente, disposta a trabalhar e a lutar por um país melhor.
Portugal necessitava de alguém que não tivesse medo de enfrentar credores e quejandos, sistemas instituídos e vícios instalados, tomando sempre como exemplo final o bem comum do nosso país e dos portugueses. Mas, fosse da conjuntura internacional (a desculpa perfeita, ainda hoje!), ou da total ausência de estratégia, fosse da inexperiência política e de governação de alguns ministros ou da dificuldade em implementar e explicar novas regras, a verdade é que estamos muito, mas muito pior que há dois anos. E não se vislumbra no horizonte, seja ele mais recente ou mais longínquo, uma profunda alteração desta forma de gerir os destinos deste país.
Há vincadamente nesta equipa ministerial a tendência para uma navegação “à vista”, isto é, mais preocupada com a opinião da troika e de Angela Merkl e com as suas naturais (más) reacções, do que tentar reerguer um país perfeitamente derrotado por uma política de austeridade, que já se percebeu não melhorará o futuro.
Este é um governo que se deixou manipular pelas exigências de um conjunto de tecnocratas, insensíveis e claramente pouco conhecedores da realidade portuguesa, e sem qualquer capacidade (e quiçá vontade) de renegociar o primeiro memorando assinado por José Sócrates.
Actualmente o país vai vivendo desgovernado… Sem esperança, sem dinheiro, sem economia, sem rumo… apenas com o desejo estúpido e brutal de que não lhe retirem ainda mais do pouco com que (ainda?) sobrevive.