Baixa pombalina – Morte anunciada de uma capital?
As capitais são por excelência enormes centros populacionais, mas são também locais de imensa concentração turística. E obviamente económica!
Há certamente outras cidades que não sendo capitais, tornaram-se importantes pela sua história, beleza ou actividades culturais.
Lembrei-me de falar disto após uma destas manhãs ter atravessado a Baixa Pombalina. Foi uma dor de alma como soe dizer-se. Eu que ali trabalhei durante 14 anos, convivendo permanentemente com aquele comércio, senti uma tristeza profunda em perceber o número exorbitante de lojas fechadas ou entregues a pequenos negócios turísticos de venda de lembranças.
Em abono da verdade a culpa não é dos lojistas, mas das entidades empregadoras, que há vinte anos proliferavam e bem pela Baixa de Lisboa, como eram os casos dos Bancos e Companhias de Seguros. Tirando algumas raras e honrosas excepções, quase todas as entidades bancárias retiraram deste centro da cidade algumas das suas sedes institucionais. Preferiram a zona ribeirinha da antiga Expo, actual Parque das Nações, ou a zona do eixo Praça de Espanha/Sete Rios.
O prejuízo económico e social que adveio destas “fugas” ainda não foi contabilizado, nem sei se alguma vez alguém conseguirá fazê-lo com rigor.
Esta capital, que tanto tem para dar a quem a visita, podia e devia ser olhada com outros olhos, que entendessem a cidade como um ser com vida ou com alma. Em Londres, Picadilly Circus continua a ser um centro nevrálgico da cidade. Em Paris, os Campos-Elísios e em Roma, a Praça Novana, permanecem âmagos de capitais, contendo vida própria.
Já para não falar da Praça de S. Marcos em Veneza ou das conhecidas Ramblas em Barcelona.
Sinto Lisboa a definhar dia após dia. E sem que ninguém olhe e pegue na cidade e lhe dê um novo rumo.
O futuro é já amanhã!