O número 2 do artigo 32º da Constituição da República Portuguesa diz textualmente o seguinte: “Todo o arguido se presume inocente até ao trânsito em julgado da sentença de condenação…”
Ao invés deste diploma a opinião pública é lesta em julgar e condenar aqueles que ainda não o foram pela justiça. Acrescento que esta postura não se trata de verdadeira justiça, mas pode deformar e de que maneira a vida futura do ou dos visados, mesmo que sejam declarados inocentes.
Trago este tema no seguimento do que tem vindo a lume sobre o antigo Ministro da Economia de José Sócrates, Manuel Pinho. As acusações que pairam sobre este antigo governante podem ser graves, mas é necessário que o Ministério Público faça o seu trabalho, antes de se assumirem condenações prévias.
Não bastava já a Portugal termos algumas feridas expostas com os casos José Sócrates e Ricardo Salgado, para agora surgir mais este conjunto de suspeitas sobre alguém que era, segundo li, um mero testa-de-ferro do Grupo Espírito Santo.
Muita gente critica o silêncio de Manuel Pinho. Eu acho que ele faz muito bem. Na verdade o antigo governante, que nunca foi uma sumidade em comunicação – relembro a sinalética taurina em pleno hemiciclo parlamentar e que lhe valeu a demissão, faz bem em manter-se calado. Não que esta postura o iliba, mas pelo menos não o enterra (ainda) mais.
Termino com a sensação de que, neste momento, as suspeitas que recaem sobre o antigo Ministro, são o pior que podia acontecer a José Sócrates.
O problema companheiro não está naquilo que o antigo ministro poderá ter feito (ou recebido), mas somente como a sua figura é completamente condenada pela opinião pública. Lembra-se da Fátima Felgueiras que foi completamente trucidada pela opinião pública e teve até de fugir para o Brasil para não ser presa? E depois o que aconteceu? Em 2012 foi totalmente absolvida por um tribunal superior. A verdade é que nunca mais foi a mesma pessoa. Hoje não imagino o que fará, mas decerto que terá na sua vida essa mancha e quem por ela passa na rua olhará para ela como alguém que esteve envolvida em diversos casos de justiça e não como alguém inocente. É necessário olhar para a justiça e acreditar que esta sempre se fará!
Olá, Fátima Felgueiras acabou ilibada porque o comprovado saco azul beneficiou o futebol e porque a juíza aceitou a desculpa "desconhecimento" de que os terrenos dos quais alterou a propriedade construtiva pertenciam ao marido (segundo imprensa). Não ser julgado ou não ser condenado não garante que o crime não tenha existido. Cumprimentos.
Armindo, estive a ler algumas coisas da dita Fátima Felgueiras. Foi condenada uma data de vezes a maioria com pena suspensa. Para depois ser ilibada de tudo? Hum! Já percebi que confia pouco na nossa justiça. PS - Não sou nem nunca fui jurista. Sou um pobre cidadão que não aprecia linchamentos públicos. Porque hoje podem ser culpados e amanhã podem ser inocentes.. Abraço
Linchamentos publicos? Ah, ah... Os portugueses continuam adormecidos, depois de tudo o que temos assistido todos os dias, agora mais esta do antigo ministro da economia... Acho que Portugal merecia mais!