Lembram-se?
Lembram-se quando andávamos na rua e conseguíamos ver os prédios que nos rodeavam? Lembram-se?
Também se lembram daquelas infindáveis horas na sala de espera de um consultório médico e que ao fim de dois minutos já estávamos a escutar as lamúrias da anciã sentada ao nosso lado? Lembram-se?
Outrossim lembram-se quando atravessávamos as ruas com todos os cuidados olhando para cada lado no sentido de passarmos para o outro lado em segurança? Lembram-se?
Lembram-se daquele sorriso esboçado por um turista quando olhava estupefacto para uma qualquer praça portuguesa? Lembram-se?
Pois é… hoje ninguém olha para lado nenhum. Nem para os prédios, nem para o vizinho do lado, nem para o turista admirado nem para o trânsito perigoso.
Andamos todos pendurados nuns pequenos rectângulos que cabem na mão e que nos ensinam e mostram (quase!) tudo.
Olvidaram, no entanto, que à nossa volta há outras vidas, outras alegrias, outros sentidos e que, curiosamente, deixámos de dar por isso!