Em Dezembro passado neste meu texto assumia que um dos inimigos do actual Presidente do Eurogrupo seria Mário Centeno como Ministro das Finanças do Estado Português.
Quando escrevi aquele texto tentei que o humor fosse evidente, mais que um eventual jogo de interesses. Porém muito mais cedo do que eu julgaria Centeno vê-se a braços com um problema por ele criado.
Diz o povo que "à mulher de César não baste ser séria, tem de o parecer", Da mesma forma o Ministro das Finanças deveria ter cuidado com as relações que mantém. Não ponho em causa a sua seriedade como governante, mas este caso com um jogo no Benfica poderia e deveria ter sido evitado.
Todos os governantes têm consciência de que as suas vidas, a partir do momento que assumem uma pasta, deixam de ser deles e passam a ser do domínio público. Por muito que lhes custe e não o desejem, mas é o preço a pagar pelo lugar que ocupam.
António Costa já veio a terreiro defender o seu homem de mão. Nem podia ser de outra forma, sendo que se não o fizesse poderia colocar em causa o lugar do "Ronaldo" das Finanças Europeias.
As notícias das investigações policiais no gabinete de Mário Centeno já surgiram na impresa europeia da especialidade. Veremos agora o que nos reservará o futuro próximo.
Entretanto seria bom que a justiça, de uma vez por todas, fosse célere com as investigações.
Ontem participei num jantar em homenagem a um colega que abraçou a reforma recentemente. O M. foi um colega, mas é sobretudo um bom amigo.
Muita gente no jantar, muita gargalhada sinónimo de boa disposição e o recordar de tempos passados. Achei curioso o desejo do homenageado em tirar fotos com todos os presentes à mesa.
Também eu aproveitei para rever outros colegas e amigos que, abraçando diferentes projectos dentro da empresa, afastaram-se do centro.
As saudades, por exemplo, que eu tinha da C. agora permanentemente em Évora. Foi uma festa revermo-nos.
Já de regresso a casa, num transporte suburbano que eu não usava há mais de vinte anos, quiçá mais, dei por mim a pensar no meu futuro. Se tudo correr bem em breve serei eu a partir da casa onde servi 35 anos. E o pensamento e a dúvida ficaram presos naquele jantar donde acabara de sair.
Será que algum dia terei também um jantar destes? Serei merecedor disso? E se não houver essa iniciativa devo ficar desiludido?
Muitas questões para as quais não obtive qualquer resposta.
Sempre fui um homem de afectos, de proximidades. E gosto das pessoas e ainda acredito nalgumas delas. O problema reside em saber se os outros acreditam também em mim.
Seja como for prefiro a verdade de um não acto à hipocrisia de uma acção.
Hoje dei por mim a pensar nas minhas opções do passado. Onde estaria hoje se naquela encruzilhada da juventude tivesse optado por estudar em vez de ir logo trabalhar?
Obviamente que nem eu nem ninguém saberá, com propriedade, responder a esta questão. Mas a dúvida permanece hoje e sempre o meu espírito.
Quando somos jovens e inexperientes julgamos que os mais velhos não entendem o que queremos ou gostamos. É normal e faz parte da aprendizagem natural de cada um de nós.
Todavia é nesta capacidade de entendermos o nosso passado que reside parte do sucesso do nosso futuro. Neste momento da minha vida mais do que nunca percebo ou descubro os erros que cometi em jovem. A surdez a quem me dava bons conselhos, o enfado com que escutava algumas reprimendas, a permanente dúvida existencial, a certeza das minhas ideias.
Os anos vão já pesando e a cada dia que passa cada vez tenha mais consciência dos tropeções que dei por culpa própria.
Esta minha reflexão serve unicamente como desabafo. Não tem qualquer intenção de demonstrar alguma coisa a alguém, pois só caindo é que conseguimos levantar. E ao fazê-lo estamos sempre a aprender a andar neste caminho tortuoso que é a vida de cada um de nós.
Distribuí a minha malta pelos diversos locais de trabalho e finalmente estacionei no local devido, perto do meu trabalho.
A manhã acordava com muito movimento e ar fesco, todavia ainda assim agradável.
Entrei no "Open Space" onde me cruzei com as senhoras da limpeza. Liguei o computador, esperei que arrancasse, vi os mails e decidi por último tomar o pequeno-almoço.
Demorei precisamente meia-hora. O suficiente para perceber que a cidade fora, num ápice, totalmente invadida por um nevoeiro húmido e por muito frio. De tal forma que em muito pouco tempo as minhas mãos ficaram geladas.
O curioso é que no final da manhã levantou-se o nevoeiro, surgiu o sol, mas o frio não amainou. Bem pelo contrário... este veio para ficar.
Irrita-me quando alguém, numa caixa de suoermercado, atende um telemóvel e depois ficam os restantes clientes, à mercê de uma só mão para arrumar as compras e pagar.
Desde (quase) sempre que me habituei a que as gentes do meu país fossem adeptas do fazer pouco e ganhar muito.
É certo que o 25 de Abril trouxe a Portugal a liberdade que durante muitos anos, quase meio século, lhe foi retirada.
Assim com a Revolução dos Cravos passamos todos a ter direitos… muitos direitos:
A falar, a protestar, a manifestar, a uma pensão, a votar, a mais feriados, à saúde e à educação, a uma casa condigna, as estradas mais rápidas, a férias e ao respectivo subsídio, ao 13º mês… e a mais um sem número de coisas, muitas delas feitas quase à medida de cada um.
Olvidaram todavia os políticos, os educadores, os antigos e os novos que aos direitos deverão corresponder sempre normais deveres.
Mas foi nesta (não) conjugação de faces contrárias de uma mesma moeda chamada cidadania, que nasceu uma sociedade de portugueses despreocupados e convictos que a tudo tinham direito sem que tivessem de fazer alguma coisa. Nem eventualmente trabalhar.
Com a entrada de Portugal na União Europeia mais se acentuou a tal filosofia da subsidiodependência a que muitos se candidataram.
Onde pretendo eu chegar com estas palavras? Perguntar-me-ão vocês e com toda a propriedade.
Há uns meses estive a horas de assinar a minha reforma. Só que ao contrário de muitos lusos habitantes, considerei que ainda tinha o dever de dar algo mais ao País. E acabei por não assinar e deste ainda me encontro no activo. Ou dito de outra maneira: tenho o direito de ter deveres para com o país!
Ora com tudo isto não pretendo dizer que sou melhor ou pior que os restantes portugueses. Mas tenho a sensação que Portugal estaria melhor se pensássemos mais nos nossos deveres e somente nos nossos direitos.
É sabido que a riqueza não cai do céu. Trabalha-se, luta-se, batalha-se… e assim se constrói.
Hoje revi na RTP 2 um filme de 1976: os doze trabalhos de Astérix. A única aventura que nunca foi passada a papel por Goscinny e Uderzo.
Baseada na história dos trabalhos de Hércules, Ásterix e Obélix são nesta história obrigados a ultrapassar doze desafios para provarem que são superiores a César.
A história tem alguma graça mas está obviamente muito longe dos livros que imortizaram a aldeia gaulesa e respectivos habitantes.
No entanto da película retirei este excerto que me parece invulgarmente brilhante. O trabalho consistia em pedir uma autorização de forma a poderem seguir para o trabalho seguinte. Mas antes de entrarem no edifício, os irredutíveis gauleses apercebem-se que a cidade está repleta de gente louca.