Assisti esta tarde a um concerto com a conhecidíssima cantora de Jazz, Maria João.
Esta senhora apresentou-se acompanhada de dois instrumentistas e durante perto de uma hora ali estive com os olhos cravados naquela figura.
Maria João é um exemplo de como a voz pode ter forma. Com a Jazista, a música em conjugação com a sua voz, superiormente trabalhada, a música repito, ganha outra dimensão. É uma viagem intemporal onde não se conhece o princípio e o fim.
Tive a oportunidade e o privilégio de dizer à cantora isto mesmo: que a voz dela tinha forma. E obviamente exagerei (será?) quando lhe referi que se naquele anfiteatro estivesse alguém completamente surdo, ainda assim ele perceberia a voz e a música.
A sua postura perante os sons, a forma como acompanha todos os acordes, os ritmos que se sucedem entre um fado nostálgico, um soul bem vincado e os ritmos africanos, fazem desta cantora uma referência importantíssima na música portuguesa.
E a maneira como falou com o público presente, serena e apelativa foi obviamente contangiante.
Depois de um dia de trabalho, nada melhor que Maria João para acabar o dia.
Contigo tinha de começar assim. Entro no carro e vejo-te pela primeira vez. Oiço-te pela primeira vez. Estou em suspenso, à beira da vida, à beira da morte. Regressa tudo, volta das profundezas algo que esteve, afinal, sempre à flor da pele. Estou à espera de tudo e quero tudo outra vez. Mas nada do que vai acontecer tem dois lados. Só tem o meu. Um longo mês de Junho à tua espera. Das palavras escritas que chegavam breves, pequenas, macias. Vindas de um lugar indefinido. Queria agora pedir-te para voltarmos ao princípio. Nunca nos devíamos ter encontrado. A beleza deve ficar contida, não pode irromper assim e deixar depois tudo ao acaso. Fiquei colada àquela noite, sem saída, sem nada. Noite tatuada de mil caras e nomes que não conheço. Noite em que saí ao teu encontro sem saber quem eras, quem és. Noite inventada, cantada, sem horizonte, sem pedidos, sem carências. E sem fronteiras. A tua camisa está aberta e eu fico parada, calada, sem saber o que dizer. Não posso dizer nada. Amo-te de um amor recente, onde cabem casas e palavras novas e fotografias de família e canções em línguas negras. Falemos de casas, então. Daquela em que eu quero morar. Uma casa de luz, com varanda e chão de madeira. Porque vieste ter comigo? Cantas e é o começo da alegria, podia ser o começo da alegria. Da esquiva, indomável alegria. Mas eu estou na origem da tristeza. Sei que não voltarás. Que nada voltará ao princípio. Mas eu quero, preciso dizer-te que o amor pode começar assim. Tenho o corpo ausente. Não tenho corpo antes de abraçar o teu. Fico pendurada em ti. Tanto mundo por descobrir. Pode um mundo infinito nascer do desencontro de dois mundos? Não me confundas, não me confundas mais. Durante dias sempre a mesma imagem, imutável, repetida, o obsessivo desejo de ti.
Decido subtrair-me a uma doçura enganadora e sei que contigo tinha de acabar assim. Antes de fechar o coração, peço-te: canta para mim outra vez.
Jamais uma televisão neste mundo e no mundo ali ao lado se lembraria de um programa em directo como o que aconteceu nas minas de S. José no Chile.
O "parto" de 33 mineiros chilenos, retirados a mais de seiscentos metros das entranhas da Terra, foi seguido pelo mundo inteiro, com direito a imagens em directo e sem serem editadas. O drama das famílias foi sendo mostrado mas sem nunca ser exacerbado como eventualmente seria numa qualquer TV portuguesa.
Gostei da atitude do Presidente Chileno ao manter-se sempre presente e abraçando cada mineiro retirado como se este fosse o maior dos seus amigos. São atitudes destas que dão aos homens o carisma para serem o que são. Após um início de mandato horrível, com um sismo e um tsunami, este Presidente deu provas de estar à altura do lugar que actualmente ocupa.
Segui, na medida do possível, o salvamento daqueles mineiros, mas no final senti-me aliviado com aquele homem de nome Luis Urzúa, por ter finalmente chegado das profundezas da terra. Ele foi o líder, o pai, o amigo. Conseguiu manter uma disciplina dentro da mina por dezassete longuíssimos dias. Para além dos outros 32 mineiros encarcerados e de todas as pessoas que da parte de fora tudo faziam para resgatar com vida aqueles homens, só alguém com enorme bom-senso e capacidade de liderança conseguia salvar toda aquela gente.
Provavelmente, um dia mais tarde, este homem será alvo de um estudo sociológico, mas até lá, ele é para mim o maior de todos os heróis.
Dito assim até parece um daqueles chavões do MRPP muito (ainda) em voga por este partido. Porém e tendo em conta que tão depressa não haverá eleições, esta parece uma forma de mostrar ao país, especialmente ao governo, quão felizes andamos com os seus actos.
Gastou o que tinha e não tinha. Criou empresas que gastam mais do que produzem e que só servem para colocar os apoiantes do partido. Derramou sobre os calões e inúteis rodos de dinheiro que eu e outros como eu pagámos...
Vivemos tempos difíceis e piores hão-de vir...
Por isso estou aqui a apresentar a minha opinião quanto à greve. Vou aderir! E sem medos!
É um direito que me assiste. E como penso pela minha cabeça e acho que não é com estes cortes que o buraco financeiro se reduz, vou lutar por aquilo que considero que é justo.
Curiosamente trabalho numa empresa que é pertença do Estado e que dá lucro. Mas mesmo assim vou levar com um corte. Parece-me obviamente injusto!
Mas pronto dia 24 de Novembro estarei em casa e pleno gozo de greve.